O impacto da invasão da Rússia teve grande impacto em todos os desportistas ucranianos, havendo depois várias formas de olhar para o que se estava a passar no país de forma presencial e à distância. Dentro dessa realidade, os jogadores na Premier League foram sempre acompanhados com particular atenção, com uma série de ações de clubes e adeptos que visavam mostrar a total solidariedade com todos numa fase difícil. E dentro dessa mesma realidade, Oleksandr Zinchenko foi um exemplo paradigmático disso mesmo.

Depois do Agüeroooo, um Gündogaaaan para a história: Manchester City marca três golos em seis minutos e sagra-se campeão

Quase três meses depois, o lateral e capitão da seleção recorda todos os dias aquilo que se continua a passar na Ucrânia mas vai também fazendo pequenas coisas dentro do que pode para ajudar ou animar quem mais precisa. Foi por isso que, há quase duas semanas, Zinchenko surpreendeu um jovem refugiado ucraniano, levando-o ao centro de treinos do Manchester City para conhecer as instalações, passar algum tempo com o jogador e ter mesmo a oportunidade de dar alguns toques num dos relvados do espaço. Se a entrevista à BBC duas semanas depois da invasão foi dos testemunhos mais duros de quem está longe a pensar em quem luta por um país, esse gesto voltou a não passar ao lado de adeptos de todos os clubes.

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Por tudo isso, e recordando que a carreira de Zinchenko já tinha ficado marcada também pela saída da formação do Shakhtar Donetsk com os pais na sequência do início da guerra na zona do Donbass, o título do Manchester City este domingo teve um redobrado significado que ficou bem patente nos festejos.

“Conheço o meu povo. Eles preferem morrer e vão morrer mas nunca vão desistir”: o arrepiante relato de Zinchenko, capitão da Ucrânia

Depois de ter entrado ao intervalo para o lugar de Fernandinho quando o conjunto de Pep Guardiola estava em desvantagem na receção ao Aston Villa, o ucraniano festejou no final uma vitória escrita com três golos em menos de seis minutos que fizeram a reviravolta de 0-2 para 3-2 e valeu o quarto Campeonato em apenas cinco anos num final emocionante onde o Liverpool ainda chegou a sonhar com um “milagre”.

Já depois da entrega das medalhas e da taça de campeão, mais demorada devido à invasão de campo que teve pelo meio momentos mais tristes como as agressões ao guarda-redes dos villains, Zinchenko, que andou sempre com a bandeira da Ucrânia às costas, foi depois festejar com o troféu para junto dos adeptos que estavam na bancada atrás da baliza onde a reviravolta foi escrita, envolveu a taça com a bandeira do seu país perante uma homenagem de pé e não aguentou as lágrimas de emoção pelo momento, sendo depois confortado por vários companheiros, entre os quais João Cancelo e Rúben Dias.

“Sinto emoções inesquecíveis. É para todos os ucranianos que estão a passar fome e a tentar sobreviver no meu país devido à agressão da Rússia. Estou muito orgulhoso por ser ucraniano e por trazer este título para Ucrânia, para o povo ucraniano, porque eles merecem. Diz tudo para mim. Morria por essas pessoas e pelo seu apoio. Aquilo que as pessoas têm feito por mim durante este período, o mais difícil da minha vida, faz com que esteja muito agradecido e nunca vou esquecer, nunca na minha vida”, disse à Sky Sports.