A Europa não pode ficar satisfeita por ser o maior mercado interno do mundo, Christine Lagarde defende que “chegou a hora” de assumir uma atitude mais assertiva na forma como o bloco de países intervém nos mercados mundiais “como comprador”, com posições “concertadas” na aquisição de matérias-primas como energia e “alguns minerais” que são essenciais no presente e serão ainda mais no futuro.

Num painel de debate no Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), a presidente do BCE alinhou-se com aquilo que tinha dito o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, que tinha afirmado no mesmo painel que há demasiado tempo a Europa se limitou a ser “um campo de jogo” e vai necessitar de se transformar “num jogador”.

Seguindo a mesma analogia desportiva, ou futebolística, Christine Lagarde sublinhou que a “Europa marca alguns auto-golos às vezes“. A presidente do BCE sublinhou a guerra na Ucrânia recordou a Europa que “as nossas fontes de energia, mas também a nossa necessidade de certos minerais que serão muito importantes para a mistura energética que vamos ter no futuro, estão em países que não são muito amigáveis e podem ser muito terríveis e agressivos”.

Para contrariar esta situação, “a Europa precisa de exercitar os seus músculos” na concertação de compras de matérias-primas – da mesma forma que existe concertação entre os vendedores – e em outras matérias como o estímulo do setor dos serviços, que na Europa poderia significar um impulso económico que Lagarde garante que ascenderia a 319 mil milhões de euros.

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“Aquilo que a guerra na Ucrânia revelou a todos, na Europa, é que não tínhamos um entendimento de quão fortes nós somos”, afirmou Lagarde, defendendo que “a Europa pode estar numa nova alvorada” e a zona euro, em particular, poderá em breve aumentar para 21 o número de membros (com a adesão da Croácia e Bulgária). Isso vai fazer com que o euro seja “a segunda maior moeda do mundo”, o que levará a que “quando decisões de política monetária são tomadas em Frankfurt o mundo dá ouvidos“.

Embora tenha sido questionada sobre os riscos de estagflação na Europa, Lagarde preferiu não responder diretamente sobre esse tema ou sobre as próximas decisões de política monetária. Isto depois de ter feito dois comentários em dois dias consecutivos, no início desta semana, confirmando que as taxas de juro vão subir em julho e vão deixar de ser negativas antes do final do terceiro trimestre.

BCE admite subir taxas de juro de forma mais rápida do que apenas “gradualmente”