Os familiares de Aung San Suu Kyi apresentaram esta quarta-feira uma queixa à ONU contra a junta militar de Myanmar, denunciando o “sequestro judicial” da ex-líder birmanesa desde o golpe de fevereiro de 2021, segundo os advogados da família.

“Por iniciativa do filho e familiares de Aung Sang Suu Kyi, os advogados François Zimeray e Jessica Finelle, especializados em direitos humanos, apresentaram esta quarta-feira uma petição contra a junta militar birmanesa no Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre a Detenção Arbitrária”, declararam os advogados num comunicado.

Aung San Suu Kyi, de 76 anos, foi detida após o golpe militar de 1 de fevereiro de 2021, que encerrou uma década de transição democrática em Myanmar (ex-Birmânia).

Aung San Suu Kyi detida por militares que declaram estado de emergência e assumem o poder durante um ano

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os advogados lembraram que Suu Kyi “é continuamente e ilegalmente privada da sua liberdade pela junta num local desconhecido desde 1 de fevereiro de 2021″.

No seu pedido, ao qual a agência de notícias France-Presse (AFP) teve acesso, os advogados afirmam que “a detenção foi ilegal em todos os aspetos, a sua prisão é desprovida de qualquer base legal e os tribunais da junta violam as regras mais fundamentais do direito a um julgamento justo”.

Para os advogados da Prémio Nobel da Paz, “é um revés trágico para Myanmar”.

Através da pessoa de Aung Sang Suu Kyi, é o povo birmanês que está a ser amordaçado e a aspiração democrática deste país que é esmagada”, consideram.

No início de maio, um tribunal da junta governante birmanesa rejeitou um recurso da ex-chefe do Governo civil contra a sentença adicional de cinco anos de prisão por corrupção decretada no final de abril, no julgamento de um dos processos que enfrenta, denunciado como político pela comunidade internacional.

Myanmar: Líder deposta condenada a mais cinco anos de prisão

Aung Sang Suu Kyi já havia recebido uma sentença de seis anos de prisão nos últimos meses.

A ex-líder birmanesa é acusada de vários crimes — nomeadamente violação de uma lei sobre segredos de Estado que data da era colonial, fraude eleitoral, sedição, corrupção, entre outros – e corre o risco de passar décadas de prisão.