Os super-iates dos oligarcas com ligações ao Kremlin que foram alvo de sanções britânicas estão a ser transformados em barcos fantasma para que a sua localização não seja detetável pelas autoridades — e para que, sendo assim, não possam ser apreendidos. É o que revela uma investigação do jornal Observer.
Há pelo menos seis super-iates de oligarcas sancionados pelo Reino Unido no âmbito da guerra na Ucrânia que desapareceram do sistema que localiza automaticamente embarcações com base nos sinais de rastreamento, como o GPS, entrando assim em “modo furtivo”. A teoria é que os sinais foram desligados propositadamente para que os barcos não sejam apreendidos.
Em entrevista ao Observer, o tripulante de uma destes super-iates admitiu: “Fomos instruídos a desligar o AIS“, sigla para sistema de identificação automática. “Removemos os parafusos da tomada de alimentação e retirámo-lo”. Mas as leis marítimas obrigam a que o AIS esteja sempre ligado quando estão em navegação.
O desaparecimento dos super-iates começou em março. “Ocean Victory”, localizado pela última vez a 1 de março nas Maldivas, pertence ao empresário da indústria do aço e do ferro Viktor Rashnikov. No dia seguinte, o “Galactica Super Nova” de Vagit Alekperov, quinta pessoa mais rica da Rússia e presidente da companhia petrolífera Lukoil, também desaparecia dos radares em Tivat, Montenegro.
A 3 de março, em Sint Maarten, ilha holandesa nas Caraíbas, localizava-se pela última vez o “Alfa Nero” de Andrey Guryev, multimilionário que fez fortuna na área da produção de fertilizantes à base de fosfato. Uma semana mais tarde, o “Motor Yacht A” de Andrey Melnichenko, nona pessoa mais rica da Rússia e empresário de metalurgia e minas de carvão, era detetado nas Maldivas.
Já no fim do mês, a 30 de março, o “My Sky” de Igor Kesaev, empresário do retalho, saía do radar nas Maldivas. O último caso apontado na investigação é o do “Clio” de Oleg Deripaska, presidente da empresa de indústria de alumínio russa Rusal: desapareceu a 18 de abril no Mar Negro.