Os dinamarqueses votaram a favor da adesão à Política Comum de Segurança e Defesa da União Europeia (UE). 69,9% dos eleitores votaram no referendo a favor da proposta do Governo, enquanto 33,1% votaram contra.

Até ao momento, a Dinamarca era o único Estado-membro da UE que não integrava a política de segurança e defesa do bloco europeu. O referendo votado na quarta-feira, e cujos resultados foram esta quinta-feira divulgados, põe fim ao mecanismo de “opt-out”, que colocava o país fora do domínio das políticas comuns da União Europeia.

Com a adesão à Política Comum de Segurança e Defesa europeia (‘opt-in’), Copenhaga poderá participar em operações militares conjuntas da UE, nomeadamente as que ocorrem em países como a Bósnia, Somália e Mali, lê-se na agência Reuters.

A Dinamarca tinha, desde 1993, exceções à política comunitária em quatro áreas: união monetária e económica, defesa — que agora passou a ‘opt-in’ —, cooperação policial e jurídica e cidadania. Medidas que foram adotadas um ano depois de os dinamarqueses terem votado contra a adesão ao Tratado de Maastricht num referendo.

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Quase 20 anos depois, a Dinamarca conseguiu abolir um destes quatro ‘opt-out’. Já o tinha tentado fazer em duas outras ocasiões, mas sem sucesso: em 2000, quando os eleitores do país rejeitaram a adesão ao Euro, e em 2015, ano em que os dinamarqueses não quiserem acabar com a exceção relativamente a questões jurídicas.

“Quando há guerra novamente no nosso continente, não podes ser neutro”

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse que os resultados são “um sinal claro” para o Presidente russo, Vladimir Putin, refere o The Washington Post.

Quando a liberdade bate à porta da Europa e há guerra novamente no nosso continente, não podes ser neutro. Apoiamos a Ucrânia e o povo ucraniano”, afirmou Mette Frederiksen, que convocou este referendo semanas após o início do conflito na Ucrânia, citada pela BBC.

A presidente da Comissão Europeia considerou que a decisão dos eleitores dinamarqueses é uma “mensagem forte de compromisso com a segurança comum“.

“O conhecimento da Dinamarca em matéria de defesa é muito valorizada. Estou convencida que tanto a Dinamarca como a UE vão beneficiar com esta decisão”, lê-se no tweet de Ursula Von der Leyen.

Também o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, salientou a “escolha histórica” do povo da Dinamarca e sublinhando, à semelhança de Von der Leyen, que esta é uma decisão que irá “beneficiar a Europa” e tornar “tanto a UE como o povo dinamarquês mais seguros e mais fortes”.

Este é mais um passo dado pelos países nórdicos para mudar as políticas de segurança e defesa no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia. A Finlândia e a Suécia apresentaram, no mês passado, pedidos de adesão à NATO — a Dinamarca é um dos países fundadores da organização.

A Turquia, contudo, fez saber que tem a intenção de vetar a entrada dos dois países na Aliança Atlântica, acusando-os de abrigarem ou apoiarem militares curdos, que Ancara considera terroristas. A Suécia e a Finlândia mantém os canais de diálogo abertos com o Presidente Erdogan.

Turquia bloqueia início do processo da adesão da Finlândia e da Suécia à NATO