A Associação Internacional dos Lusodescendentes (AILD) alertou esta sexta-feira para o “genocídio” em curso de milhares de lusodescendentes católicos (bayingyis) em Myanmar, que se tem traduzido em mortes e refugiados, e apelou a uma intervenção para travar estas “atrocidades”.

Desde dezembro do ano passado que elementos da Junta Militar de Myanmar (antiga Birmânia) têm atacado as maiores aldeias de bayingyis, a minoria católica lusodescendente no país, estimada em “várias dezenas de milhares de pessoas”.

Segundo a AILD, a primeira aldeia a ser alvo da violência e saque dos militares foi Chaung Yoe, saldando-se por 300 casas destruídas à bomba.

Seguiu-se Chan-tha-ywa, em janeiro passado: “Os soldados tomaram toda a aldeia, saqueando as habitações, abatendo todo o tipo de animais domésticos e aprisionando doentes e idosos que não puderam fugir. Três pessoas foram assassinadas a tiro”.

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Os militares regressaram a esta aldeia em 6 de maio passado, incendiando 22 casas e destruindo as colheitas.

“Milhares de bayingyis tornaram-se refugiados, encontrando-se agora distribuídos por aldeias vizinhas ou nos complexos das organizações religiosas“, lê-se na nota da AILD.

A organização alerta para a necessidade de alimentos, medicamentos, apoio financeiro e moral, “extremamente necessários para quem perdeu tudo e não tem qualquer tipo de segurança quanto ao que os espera nos próximos meses”.

Urge agora alertar as nossas entidades públicas e a comunidade internacional para as atrocidades cometidas e tomar as medidas necessárias para tentar travar o processo genocida em curso”, prossegue a AILD.

Myanmar tem sido palco de violência desde que os militares afastaram do poder a dirigente Aung San Suu Kyi, em 01 de fevereiro de 2021, o que forçou pelo menos 700.000 pessoas a deixarem as suas casas, segundo o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Há ainda mais 346.000 pessoas que foram obrigadas a fugir antes do golpe militar, devido aos conflitos com grupos rebeldes étnicos em zonas fronteiriças com a China e a Tailândia, após a perseguição aos muçulmanos rohingyas em 2017, refere a organização.