Os Emirados Árabes Unidos anunciaram esta segunda-feira a proibição do filme de animação “Lightyear”, da Pixar Studios, o primeiro da grande produtora norte-americana a conter uma cena de beijo entre duas pessoas do mesmo sexo.

O Estado do Golfo, que inclui o emirado de Dubai em particular, e tem um Ministério da Tolerância, é relativamente liberal em comparação com os seus vizinhos, mas continua governado por inúmeras restrições no aspeto político e social.

O filme de animação ‘Lightyear’, que tem estreia prevista para 16 de junho, não está autorizado a ser exibido em nenhum cinema dos Emirados Árabes Unidos, por violação das normas relacionadas ao conteúdo mediático vigentes nos Emirados Árabes Unidos”, anunciou o Media Regulatory Office no Twitter.

De acordo com este órgão dependente do Ministério da Cultura e Juventude, todos os filmes “estão sujeitos a acompanhamento e avaliação antes da data de exibição ao público de forma a garantir que os conteúdos difundidos sejam adequados no que diz respeito à classificação etária”.

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Questionado pela agência de notícias francesa AFP, o ministério não respondeu aos pedidos de esclarecimento sobre as “normas” violadas pelo “Lightyear”, já tendo sido afixados nas ruas do Dubai cartazes do filme.

Esta proibição ocorre seis meses depois de o país ter anunciado que os filmes exibidos nos seus cinemas não seriam mais censurados, mas apenas classificados de acordo com a idade dos espetadores, com uma nova categoria de obras proibidas para menores de 21 anos.

A censura é uma prática muito difundida no mundo árabe, especialmente na região muito conservadora do Golfo. Filmes que contêm cenas consideradas prejudiciais à moral são muitas vezes cortados ou até mesmo completamente proibidos.

Em abril, a Arábia Saudita pediu à Disney que retirasse “referências LGBTQ” ao filme da Marvel, ‘Doutor Estranho no Multiverso da Loucura’, para que não pudesse ser exibido nos cinemas do reino ultraconservador, vizinho dos Emirados.

Nos últimos anos, os Emirados adotaram reformas sociais apresentadas como liberais para atrair mais expatriados, sendo o país composto por cerca de 90% de estrangeiros de todo o mundo.

Apesar dessas reformas, a Organização Não Governamental Human Rights Watch acusou, na semana passada, as autoridades de criminalizar “atos vagos” como qualquer comportamento que “ofenda a modéstia e a moral pública” ou que “incite uma vida de pecado”.