O índice de preços dos produtos energéticos registou um salto de 27,3% em maio face ao mesmo mês do ano passado, o que representa o valor mais elevado desde fevereiro de 1985, destaca esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) nos dados definitivos sobre a evolução da inflação.

O INE confirmou que a inflação atingiu os 8% em maio, uma taxa superior em 0,8 pontos percentuais à registada no mês anterior e a mais elevada desde fevereiro de 1993. Para esta evolução contribuíram sobretudo os produtos energéticos, mas também o índice referente aos produtos alimentares não transformados que subiu 11,6% (9,4% em abril).

Apesar do aumento dos preços dos combustíveis ter marcado as notícias nas últimas semanas, os principais responsáveis pela aceleração de preços em maio face a abril foram a eletricidade e o gás natural, com contributos de 15,2% e 13,5%, respetivamente. Já o gasóleo e a gasolina tiveram um contributo negativo para a subida dos preços em maio, um comportamento que é atribuído pelo INE ao “impacto da redução da taxa de ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos) verificado no início de maio”. O efeito da decisão do Governo de baixar o impostos já foi entretanto absorvido pelos aumentos verificados na última semana de maio.

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Já no caso da eletricidade e do gás natural, o mês de maio reflete já os aumentos das tarifas reguladas, mas também a atualização dos preços por parte dos comercializadores do mercado liberalizado como a EDP. Os preços da eletricidade deverão começar a baixar em julho, em resultado também da entrada em vigor do mecanismo ibérico de travão aos preços do gás usado para produzir eletricidade.

A inflação acelerou em maio, subindo 1% face a abril, sendo ainda puxada preços preços de produtos como a fruta e o vinho.

Os dados do INE mostram ainda que a subida de preços é um fenómeno já generalizado a toda a economia, com o indicador de inflação subjacente (IPC excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) a atingir “uma variação homóloga de 5,6%, taxa superior em 0,6 pontos percentuais à registada em abril de 2022. Este é o valor mais elevado registado desde outubro de 1994”.

O INE nota ainda em relação a este indicador que Portugal “atingiu uma variação homóloga de 5,8% em maio (5,3% no mês anterior), superior à taxa correspondente para a área do Euro que se fixou em 4,4%”, acrescentando que “Portugal apresenta um perfil ascendente muito pronunciado nos últimos meses, situando-se acima da média da área do Euro desde janeiro de 2022. Em maio, esta diferença manteve-se em 1,4 pontos percentuais (valor idêntico em abril)”.