Elon Musk, o homem mais rico do mundo com uma fortuna de 217 mil milhões de dólares, dirigiu-se esta quinta-feira aos trabalhadores do Twitter, numa altura em que está em curso a aquisição da rede social, por um montante de 44 mil milhões de dólares.
Com o negócio a ganhar contornos de novela, com hesitações, suspensões e até dúvidas sobre se Elon Musk conseguirá ou não comprar a rede social, o magnata sul-africano reservou tempo na agenda para responder às várias dúvidas colocadas pelos trabalhadores.
A reunião foi interna, mas meios como a Bloomberg ou a CNBC citam fontes presentes no encontro, que avançaram à imprensa os principais pontos da reunião. A questão do teletrabalho foi um dos principais pontos do encontro, a par de temas como a possibilidade de despedimentos, numa reunião onde terá surgido com dez minutos de atraso.
O tema do trabalho remoto gerou curiosidade entre os participantes, especialmente depois de serem divulgadas declarações onde Musk afirmava que, na sua opinião, “o trabalho remoto já não era algo aceitável”, referindo inclusive tratar-se de “fingir que se trabalha”. Estas afirmações constavam de um email aos trabalhadores da rede social, que foi avançado pela Bloomberg. Nessa missiva, que gerou mal estar entre os trabalhadores, Musk fazia um ultimato, pedindo aos trabalhadores que quisessem estar em teletrabalho a estar “no mínimo 40 horas por semana” no escritório. Quem não cumprir com a regra “deve deixar” a empresa.
Teletrabalho? Elon Musk diz que é “fingir que se trabalha” e acaba com trabalho remoto na Tesla
De acordo com a Bloomberg, na reunião desta quinta-feira Musk terá deixado no ar que o teletrabalho apenas será permitido aos “excelentes contribuidores”. De acordo com a CNBC, após estas declarações o Slack do Twitter, a plataforma onde os trabalhadores colaboram à distância, terá sido inundado de “memes” sobre como é que os trabalhadores possam “vender-se” como sendo os tais “excelentes” funcionários da ótica de Musk.
Ainda no tema do teletrabalho, Musk terá alertado que muita gente está ainda presa à ideia de trabalho remoto.
Como seria de esperar, o “fantasma” de despedimentos também terá marcado presença. Para Musk, tudo dependerá da situação financeira da empresa. “Depende. A companhia precisa de ser saudável”, contou uma fonte à CNBC, citando o dono da Tesla. “Neste momento os custos excedem as receitas.” Mas, conforme terá dito Musk, quem “for um excelente contribuidor não tem nada com que se preocupar”.
O dono da Tesla e da SpaceX partilhou também a visão que tem para o Twitter, nomeadamente no que toca a números de utilizadores. Para a rede social ser bem sucedida, terá de aumentar significativamente a métrica de utilizadores ativos diários, potencialmente para “mil milhões”. No primeiro trimestre de 2022, os dados mais recentes de utilizadores apontavam para 229 milhões de utilizadores diários ativos.
O sul-africano não fechou a porta à introdução de outros motores de receita para a rede social, como modelos de subscrição ou a possibilidade de cobrar aos utilizadores para poderem ter acesso a contas verificadas.
Menos revisão de conteúdos e a menção a aliens
A motivação de Elon Musk para comprar o Twitter é a vontade de transformar a rede social. E, para isso, a empresa terá de deixar de ser uma empresa cotada em bolsa para poder passar por esse processo.
Mas, além da possível mudança de dono, outro tema que fez soar alarmes foi a questão da liberdade de expressão na plataforma. Elon Musk vincou nesta reunião com os trabalhadores que os utilizadores devem poder dizer o que querem na rede social – mas isso não terá tranquilizado os trabalhadores.
Afinal, um dos calcanhares de Aquiles da empresa tem sido justamente a questão da moderação de conteúdos, com o caso de Donald Trump como o maior exemplo destes contratempos. Trump está suspenso da plataforma, depois de se considerar que usou a rede social para incentivar o ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro.
André Ventura e Trump foram expulsos do Twitter, mas há talibãs que não. Qual é o critério?
Menos clara é a razão que terá levado Elon Musk a conduzir a conversa para o tema de aliens. Tanto a Bloomberg como a CNBC, mencionam esta questão, referindo a viragem “inesperada” para o assunto. “Não vi provas concretas de aliens”.