Nada voltará a ser como dantes na política internacional“, afirmou Vladimir Putin esta sexta-feira, no discurso no Fórum Económico de São Petersburgo, cujo início tinha sido adiado por alegado ataque informático. O Presidente russo avisou a Europa, e também os EUA, que – devido às sanções que aplicaram à Rússia mas não só – os próximos anos serão marcados por uma elevada destruição económica e forte instabilidade social.

“A arma das sanções contra a Rússia falhou”, afirmou o Presidente russo, num longo discurso onde repetiu a mensagem de resiliência económica no país e disse que os maiores penalizados pelas sanções à Rússia são as empresas e as pessoas europeias. A Europa poderá perder mais de 400 mil milhões de dólares (cuja cotação está muito próxima do euro), só em produto económico este ano, por causa do impacto das sanções que aplicou à Rússia.

O duro golpe que a invasão da Ucrânia está a causar na economia da Rússia (e como Putin tenta escondê-lo)

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Na ótica de Putin, todos os problemas de inflação e subida da energia devem-se a “erros da burocracia europeia e dos EUA”, não só com as sanções aplicadas à Rússia como à “impressão de dinheiro” por parte dos bancos centrais, nos últimos anos.

Os EUA estão a imprimir dinheiro vazio e, com esse dinheiro, açambarcam os alimentos nos mercados globais”.

Esta destruição económica vai gerar divisões políticas e sociais na Europa, aposta o Presidente da Rússia, que diz existir “russofobia” em várias partes do mundo.

“Os objetivos da operação militar serão conseguidos”

No discurso longo em São Petersburgo, Putin afirmou que “o Ocidente está a explorar militarmente o território ucraniano e a fornecer grandes quantidades de armas”.

“Na economia e no bem-estar das pessoas não gastam nada, não se importam, mas para criar um ponto para a NATO enfrentar a Rússia, para isso não falta dinheiro”, acrescentou Putin, que diz que os seus soldados estão a lutar contra uma tentativa de degradar os valores da Rússia.

Os objetivos da operação militar serão conseguidos e a garantia disso mesmo é o heroísmo das nossas tropas”, afirmou Putin, que critica os EUA e o Reino Unido por se acharem “mensageiros de Deus na Terra”.

Já a União Europeia “perdeu completamente toda a sua soberania” e “está a dançar ao som da música que outros estão a tocar”, ao mesmo tempo que “aplica grandes dificuldades às suas populações, no seu dia-a-dia”.

Essas dificuldades não têm origem na “operação militar especial” na Ucrânia, até porque os preços dos combustíveis já estavam a subir antes disso, recordou Vladimir Putin, que reitera que “a Rússia nunca irá fechar-se sobre si própria” e estará disponível para “aprofundar as relações com todos os países que queiram trabalhar com Moscovo”.