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Em 2023, a sede do D. Maria II será todo o país: "Um teatro nacional não pode ser um teatro de Lisboa para Lisboa"

Este artigo tem mais de 1 ano

Fechado para obras em 2023, o D. Maria II levará a todo o território (norte, sul e ilhas; litoral e interior) espectáculos, fóruns de debate e projetos de comunidade. Vem aí uma "Odisseia Nacional".

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, defendeu esta quinta-feira que o Teatro Nacional D. Maria II "não pode nem deve ser um teatro de Lisboa para Lisboa"
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O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, defendeu esta quinta-feira que o Teatro Nacional D. Maria II "não pode nem deve ser um teatro de Lisboa para Lisboa"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, defendeu esta quinta-feira que o Teatro Nacional D. Maria II "não pode nem deve ser um teatro de Lisboa para Lisboa"

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Com o teatro fechado em 2023 para obras profundas de requalificação e modernização, o Teatro Nacional D. Maria II, habitualmente ancorado na Praça Dom Pedro IV, em Lisboa, vai mudar a sua sede para todo o território nacional.

O projeto chama-se “Odisseia Nacional” e, apesar de só ser revelado em detalhe a 18 de novembro, vai levar a todas as regiões de Portugal (incluindo Açores e Madeira) espectáculos, projetos artísticos pensados com as comunidades locais, ações escolares, fóruns de reflexão e discussão, ciclos de formação e capacitação e “uma grande exposição” sobre os últimos 100 anos do teatro português. A última será apresentada “em 11 municípios, ficando cerca de um mês em cada um dos municípios” escolhidos.

Os primeiros detalhes sobre a programação fora de portas do Teatro Nacional D. Maria II em 2023 foram adiantados esta quinta-feira — dia de apresentação da programação para os últimos meses deste ano —, em conferência de imprensa.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Nas palavras do novo diretor artístico do TNDMII, Pedro Penim, o desafio definido foi de “disseminar a atividade artística” do teatro “durante todo o ano de 2023 por todo o território nacional”. Será uma opção complexa, “muito abrangente e muito ambiciosa”, que se fará de forma concertada com “mais de 90 municípios” e os agentes artísticos e teatrais de todo o território.

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Assim, de janeiro a março de 2023, a programação do TNDMII incidirá na região Norte, de abril a junho na região Centro, em julho nos Açores, em setembro (após um mês de interregno, em agosto) na Madeira e em outubro, novembro e dezembro no Alentejo e no Algarve.

Em declarações aos jornalistas, o diretor artístico do TNDMII, Pedro Penim, definiu a “Odisseia Nacional” como “um projeto de coesão territorial e cultural”. Referiu que se trata de algo “inédito e histórico”, que “em tantos anos da história do D. Maria II nunca aconteceu”. E apontou: “Dada a envergadura desta operação, quando voltarmos a Lisboa o TNDMII nunca mais vai ser o mesmo. É impossível passar incólume a uma experiência destas. Ao mesmo tempo, desejamos que o próprio território não mais seja o mesmo”.

Fomos aos municípios, conversámos com autarcas, programadores, artistas, com as populações. Procurámos colaborar. A extensão ao território nacional terá necessariamente de prosseguir em 2024 e em 2025. É muito importante para nós estarmos neste edifício, no centro de Lisboa, no Rossio. Mas sabemos que a missão inscrita na lei define uma necessidade e até uma obrigação de sairmos com as nossas produções — que são pagas pelos contribuintes de todo o país. O teatro nacional pertence a todos”, acrescentou Penim.

Homenagem a Ruy de Carvalho, Pommerat e uma peça de Pedro Penim: o que poderemos ver no D. Maria II nos próximos meses

Ministro diz que TNDMII “não pode ser teatro de Lisboa para Lisboa”

Presente na apresentação da nova temporada esteve o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que proferiu algumas palavras sobre este projeto de programação fora de portas (e fora de Lisboa) do TNDMII.

Notando que não aprecia particularmente a ideia de que em cada crise há uma nova oportunidade à espreita, o ministro explicou que abria uma exceção para as obras que vão encerrar o Teatro Nacional D. Maria II no próximo ano: “Em condições normais, seria um grande problema de gestão. Aqui, é mesmo uma oportunidade”.

Se “o edifício vai estar fechado”, o Teatro Nacional D. Maria II vai apresentar-se “de forma renovada ao país”, quis vincar Pedro Adão e Silva. E aludindo ao título da peça de Pedro Penim que arrancará a nova temporada na reabertura do teatro após este verão, apontou: “Vai ser uma casa portuguesa sem existência física”.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O exemplo de programação fora de portas e por todo o país, ao longo do ano, será seguido “pelo Teatro São Carlos e pelo Teatro Camões, que também fecharão” para obras, referiu o ministro da Cultura. “É uma oportunidade que espero que deixe lastro, que desejo que não seja apenas uma existência temporária mas que perdure para lá do período de fecho do teatro“.

Lembrando que há “uma rede de teatros e cineteatros” criada no mandato do anterior Governo, que recebeu e recebe “investimento” público — e que, defendeu, permite agora esta transposição de programação para equipamentos culturais de outros municípios e regiões —, Pedro Adão e Silva congratulou-se com o impacto que o projeto pode ter na “procura e democratização”.

Terá impacto na democratização do território mas também na democratização do acesso à cultura. A oferta cultural está muitas vezes reservada a quem vive nas áreas metropolitanas. Combater isso é um desígnio constitucional e é assim que ele se cumpre. A presença no território vai permitir que mais públicos possam fruir da oferta cultural. Um teatro nacional não pode nem deve ser um teatro de Lisboa para Lisboa“, rematou o ministro.

O sucessor de Graça Fonseca defendeu ainda os “cerca de dez milhões de euros” que serão investidos em 2023, nas obras que serão feitas no Teatro Nacional D. Maria II: “Permite a conservação, a reabilitação e a atualização das infra-estruturas. Melhorará as condições de trabalho. Mas vai melhorar também a fruição pública da cultura, e do teatro em particular”.

Já em comentário à programação apresentada para os próximos meses, Pedro Adão e Silva defendeu que “as políticas de cultura ganham em institucionalizar-se, em terem previsibilidade, em podermos antecipar o seu comportamento”. Trabalhar a um horizonte temporal vasto é “uma forma de conferir estabilidade ao setor”, defendeu, o que é “útil, instrumental e muito positivo”.

O ministro elogiou ainda a “transição suave” da direção artística, de Tiago Rodrigues para Pedro Penim (a quem elogiou “a visão e a inspiração”) e o trabalho de Cláudia Belchior, que abandona a presidência do Conselho de Administração após sete anos e meio: “Este tempo ser longo traz ganhos às instituições”.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Pedro Penim: “Não queremos embaixada lisboeta pelo território nacional”

Já o diretor artístico do TNDMII, Pedro Penim, vincou a importância de transpor projetos artísticos para “zonas de baixa densidade populacional” do território português, de modo a “promover a sua coesão” e para combater a “divisão clara de acessibilidade” à oferta cultural entre “o litoral e o interior”.

É impossível voltar atrás. É um tiro de partida para uma outra realidade e uma outra forma de se entender o Teatro Nacional [D. Maria II], que não tem regresso. Deixa-me muito contente porque acho que é independente da direção artística, de quem está, de quem fica, de quem vem”, diria posteriormente aos jornalistas.

Uma das vertentes desta “Odisseia Nacional” em 2023 do teatro com sede em Lisboa passará, claro, pela apresentação de espectáculos. “Teremos também coproduções com agentes locais, porque não queremos que aconteça uma embaixada lisboeta passear-se pelo território nacional. Vamos, ao invés, estimular a colaboração com os artistas e as autarquias a que vamos”, referiu Penim.

Nas escolas, o plano passa por “promover ações pedagógicas para todos os ciclos de ensino, aproximando as gerações mais jovens das artes performativas”. Tal poderá ser feito, antecipou Pedro Penim, com “espectáculos” mas também com “workshops”.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O diretor artístico do TNDMII prometeu ainda que “no final de cada trimestre de 2023” decorrerá um “grande evento de pensamento, um fórum”, que poderá tomar várias formas: poderá ter a forma de “programas televisivos, palestras, oficinas, mesas redondas”. Tudo com presença das “comunidades locais”.

Já relativamente a ações de formação e capacitação artística, o responsável do D. Maria II adiantou que existirão “23 ciclos de formação e capacitação” promovidos por este equipamento cultural por várias regiões do território nacional. O objetivo é estimular e ensinar competências. A equipa do TNDMII estará envolvida, mas vão colaborar também “outros agentes teatrais que estão ao serviço dos equipamentos culturais do país por onde estaremos”.

Já em declarações aos jornalistas, Pedro Penim deu outros detalhes: “Vamos estar uma semana em cada município. São perto de 90 municípios e pode acontecer estarmos numa semana em mais do que um município. Durante essa semana apresentamos sempre um espectáculo, que pode ser uma produção da casa, uma coprodução local, um infanto-juvenil, um espectáculo que já tenha estreado aqui [em Lisboa]”.

Apresentamos sempre um espectáculo mas a relação com as comunidades e escolas irá muito além de montar e desmontar um espectáculo. Esses programas que faremos com a comunidade local garantem o lastro para o futuro. Este projeto não é só uma digressão, é prestar atenção àqueles territórios e devolver-lhes alguma coisa”, referiu Penim.

Para Pedro Penim, o próximo diretor artístico do Teatro D. Maria II, “não basta ser artista”

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