Os responsáveis de cidades como Berlim, Madrid ou Viena acreditavam estar a fazer videochamadas com o autarca de Kiev, Vitali Klitschko. Afinal, a história teria outros contornos. Conforme conta o jornal alemão Der Spiegel, a partir de uma informação avançada pelo Berlin Tagesspiegel, na verdade estes responsáveis europeus estariam a falar com alguém que se fazia passar pelo autarca ucranino, recorrendo a um “deepfake”.

Na prática, esta tecnologia utiliza aprendizagem automática para conseguir assumir a identidade de outra pessoa, imitando a fisionomia, expressões e até a voz. Com o avançar do progresso tecnológico, estes vídeos estão a ficar cada vez mais convincentes. Há alguns anos, foi notícia um “deepfake” de Barack Obama, o antigo Presidente dos Estados Unidos. Já este ano, também foi notícia um “deepfake” de Volodymir Zelensky, onde supostamente seria anunciada a rendição da Ucrânia.

“Deepfake”. Vídeo falso de Zelensky a render-se colocado por “hackers” em televisão ucraniana

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como conta o Der Spiegel, a presidente da Câmara Municipal de Berlim, Franziska Giffey, terá participado numa videochamada, na passada sexta-feira, com este “sósia” do autarca de Kiev. A política alemã refere que nenhum detalhe levantava dúvidas. “Não havia sinais de que a videoconferência não estava a ser feita com uma pessoa real”, foi partilhado na conta de Twitter da Câmara de Berlim.

Esta interação, que terá sido feita através da plataforma de videoconferência Webex, da tecnológica Cisco, terá durado 15 minutos, tendo terminado “prematuramente” devido à desconfiança de Berlim. “O desenrolar da conversa e a ambientação do tema despertaram desconfiança por parte de Berlim. A conversa terminou prematuramente”, é possível ler no Twitter.

Uma afirmação em específico terá suscitado dúvidas: o estranho pedido de que os refugiados ucranianos na Alemanha regressassem ao país de origem, com justificações de motivos militares.

A Câmara de Berlim terá mais tarde contactado o embaixador da Ucrânia na Alemanha, que confirmou que a chamada não foi feita pelo autarca ucraniano, mas sim por outra pessoa.

“Infelizmente, faz parte da realidade de que a guerra está a ser travada em todos os meios – incluindo online, para minar a confiança com os métodos digitais e desacreditar os parceiros e aliados da Ucrânia”, contextualizou a presidente da Câmara de Berlim, na mesma rede social.

Berlim não terá sido a única autarquia a ter conversas com este suposto “deepfake”, indica a CNN Portugal. Também a Câmara de Madrid terá apresentado queixa às autoridades, depois de José Luis Martínez-Almeida, o presidente da câmara de Madrid, ter feito uma videochamada semelhante. Em Viena, na Áusitra, Michael Ludwig também terá sido ludibriado por alguém que se fez passar pelo autarca ucraniano.

Deepfakes, o maior monstro das redes sociais são um debate crescente no Estados Unidos