É “improvável” que iremos voltar a um mundo de inflação baixa, como aconteceu nos anos (e décadas) até à pandemia, afirmou Christine Lagarde, presidente do BCE que participa num painel de debate, em Sintra, onde também está Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA. A presidente do BCE alertou, também, que os estados devem ajudar os “mais vulneráveis” mas não endividar-se dando apoios “generalizados” a “segmentos indiscriminados da população”.

Antes de falar Lagarde, Jerome Powell lembrou que “vivemos um período de forças desinflacionárias, proporcionadas por fenómenos como a globalização, a tecnologia e baixos crescimentos de produtividade”. Porém, “desde a pandemia, temos vivido num mundo em que a economia tem sido impulsionada por forças muito diferentes. O que não sabemos é se iremos voltar ao que tínhamos ou se é será uma coisa nova – acreditamos que será algo no meio”, afirmou o líder da Reserva Federal.

Comentando as palavras de Powell, Christine Lagarde considerou que é “improvável” que se volte a esse mundo de baixa inflação, descrito pelo norte-americano. Assim, a líder do BCE sublinhou que irá caber aos Estados – “às políticas orçamentais”, não monetárias – ajudar aqueles mais vulneráveis neste contexto de inflação elevada e de aperto dos juros por parte dos bancos centrais. Aí, no apoio aos mais vulneráveis, os estados devem estar ativos, defendeu Lagarde, mas os governos não devem pressionar as contas públicas com apoios “generalizados” a “segmentos indiscriminados da população”.

As declarações foram feitas durante o Fórum anual do BCE, que se realiza em Sintra e, após dois anos online, voltou a realizar-se presencialmente este ano.

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A presidente do BCE também mostrou otimismo em relação à recuperação económica, que “está a prosseguir bem”, sobretudo graças ao setor dos serviços, que estão a recuperar do impacto da pandemia.

No que diz respeito à economia norte-americana, Jerome Powell considerou que ela está “robusta” e capaz de aguentar o impacto da subida das taxas de juro. Isto apesar de esta quarta-feira ter sido confirmado que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,6% no primeiro trimestre, fazendo com que se também o segundo trimestre tiver uma taxa negativa de crescimento isso irá significar uma “recessão técnica”.

Já na terça-feira, a líder do BCE tinha afirmado que a “inflação está indesejavelmente elevada” e garante que irá “tão longe quanto for necessário” para controlar os preços.

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