O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai atribuir um financiamento de 10 milhões de dólares (9,9 milhões de euros) a Cabo Verde para apoiar as medidas de mitigação da crise provocada pela escalada de preços, anunciou o primeiro-ministro esta segunda-deira.

Ficou acordada uma ajuda orçamental de 10 milhões de dólares para apoiar Cabo nesta fase, de suporte às medidas para fazer face à crise inflacionista e um conjunto de projetos que estão também em curso”, disse o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, num balanço aos jornalistas sobre o encontro, no sábado passado, na Costa do Marfim, com o presidente do BAD, Akinwumi Adesina.

Só as medidas de mitigação dos aumentos dos preços dos combustíveis devido ao conflito na Ucrânia vão exigir um esforço financeiro de 45,3 milhões de euros ao Estado de Cabo Verde, conforme avançou no início deste mês o ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, em conferência de imprensa para anunciar novas medidas para mitigar o impacto da guerra, no dia em que o valor médio dos combustíveis à venda no país aumentou mais de 25%, para vigorar durante o mês de julho.

O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística desde março de 2020, devido à pandemia de Covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.

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Segundo o chefe do Governo, o BAD é uma instituição com a qual “Cabo Verde tem relações muito fortes em termos de investimentos, de financiamento”.

“É preciso lembrar que o porto do Maio é financiado pelo BAD, o Parque Tecnológico, e há outros programas que vão visar essencialmente a cadeia de valor no setor da agricultura. Um programa virado também para o empreendedorismo jovem, que estão a ser trabalhados, finalizados para serem implementados”, destacou esta segunda-feira Ulisses Correia e Silva.

O primeiro-ministro já tinha anunciado anteriormente que o presidente do BAD aceitou o convite do Governo cabo-verdiano para a inauguração, em setembro, das obras do porto do Maio.

A ilha do Maio conta com cerca de 7.000 habitantes, sendo a terceira menos populosa do arquipélago e emblemática pela atividade de extração de sal desde o século XVII.

A obra de reabilitação do Porto Inglês, naquela ilha, é uma das maiores empreitadas públicas em curso no país e está a cargo desde 2019 da Teixeira Duarte, em consórcio com outra empresa portuguesa e uma cabo-verdiana, atribuída por 1.910 milhões de escudos (17,2 milhões de euros).

A obra faz parte do projeto de “Expansão e modernização dos portos Inglês (ilha de Maio) e da Palmeira (ilha do Sal)”, de 35 milhões de euros, contando com o financiamento do BAD em 50%.

A empreitada, com uma duração contratual estimada de 18 meses, está a ser realizada pelas portuguesas Teixeira Duarte (37%) e SETH Sociedade de Empreitadas (33%), em conjunto com a Armando Cunha Cabo Verde SA (30%).

Segundo informação anterior do Governo, as duas empreitadas do projeto financiado pelo BAD vão reforçar o nível de serviço dos portos das ilhas do Maio e do Sal, e “melhorar as condições de vida das pessoas na área de influência direta” da obra.

A melhoria será mais evidente no Maio, onde o BAD disponibilizou mais 1,5 milhões de euros para investimentos na estrada de acesso ao porto e num programa de apoio aos jovens e às mulheres da ilha.