Um elefante matou, no sábado, cinco pessoas deslocadas devido aos ataques armados em Macomia, confirmou esta segunda-feira à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique em Cabo Delgado, norte do país.

“Trata-se de uma situação de conflito entre o homem e os animais”, explicou à Lusa Mário Adolfo, esclarecendo que as vítimas não estavam em nenhuma área protegida.

O incidente ocorreu na aldeia de Xinavane, a 10 quilómetros da sede de Macomia, e as vítimas, que incluem duas crianças, foram surpreendidas quando trabalhavam num campo agrícola, disse à Lusa uma outra fonte da força local que combate rebeldes na região.

Todas as cinco vítimas são oriundas de Mocujo e estavam abrigadas na sede de Macomia há quase três anos, acrescentou a fonte da força local.

Todos os anos, as autoridades moçambicanas relatam casos de mortes, feridos, destruição de culturas pelos animais, tendo já sido desenvolvidos mecanismos para que a população os afugente, pelo menos até à intervenção de fiscais.

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Um total de 97 moçambicanos morreram e 66 ficaram feridos em 2020 só em ataques registados (outros não chegam a ser reportados) de animais selvagens, a maioria por crocodilos, segundo os dados mais atualizados da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC).

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.