A atividade económica contraiu-se na zona euro em julho, o que aconteceu pela primeira vez desde os confinamentos pandémicos. O cenário é traçado pelos mais importantes indicadores avançados que são divulgados mensalmente na zona euro, os chamados índices de gestores de compras (PMI) divulgados pela S&P – esse índice não só saiu pior do que os economistas previam como ficou abaixo do patamar dos 50 pontos, o que sinaliza uma contração da atividade e alimenta os receios de recessão, confirma o economista responsável pela análise disponível nesta ligação.

O índice PMI caiu dos 52 pontos de junho (que já altura saíram abaixo do previsto) para 49,4 pontos em julho, “e caindo abaixo do nível dos 50 pontos sinaliza uma contração da produção económica”. A última vez que este índice desceu para menos de 50 pontos foi em fevereiro de 2021, na altura consequência dos duros confinamentos pandémicos que foram aplicados em quase todos os países europeus nesse inverno.

A pressão está, sobretudo, no setor industrial. O índice PMI para a indústria derrapou para um mínimo de 26 meses nos 46,1 pontos, depois de já no mês anterior a atividade na indústria ter descido abaixo dos 50 pontos. Num contraste em relação ao que aconteceu na pandemia, agora é o setor dos serviços que está um pouco melhor e compensa, em certa medida, a contração no setor industrial – o PMI dos serviços baixou para 50,6 pontos, mesmo assim abaixo dos 53 pontos de junho.

“Uma aceleração do recuo na indústria foi acompanhada de uma quase estagnação nos serviços, numa altura em que o aumento do custo de vida continua a limitar o impulso positivo que é dado pela procura que foi reprimida durante a pandemia”, escreve a S&P Global na nota que divulga os resultados deste trabalho. As pressões inflacionistas, acrescenta o relatório, parecem estar a moderar um pouco mas continuam em “níveis elevados”.

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O economista-chefe da S&P Global Market Intelligence confirma que “a economia da zona euro deverá contrair-se no terceiro trimestre, com a atividade empresarial a cair em julho e os indicadores avançados a apontarem que o pior ainda estará para vir, nos próximos meses”. Todos os sinais indicam, diz Chris Williamson, que “o declínio da atividade económica irá ganhar cada vez maior ímpeto à medida que o verão avança”.

Os dados saem um dia depois de o BCE anunciar um aumento superior ao previsto nas taxas de juro, algo que vai trazer “custos do crédito mais elevados e, inevitavelmente aumentar os riscos de recessão”.

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