Luís Montenegro aproveitou o mar laranja que encontrou no regresso da festa do partido no Chão da Lagoa, na Madeira, para atirar a António Costa, ao PS e ao socialismo, assegurando que os sociais-democratas vão “construir um Governo laranja” e “dar a Portugal o que a Madeira já tem”. Para isso, pretende ‘enviar’ o PS para a oposição.
“Eles são [PS] muito bons a fazer oposição ao país, o lugar deles é mesmo a oposição”, apontou o novo presidente do PSD, que pretende levar os socialistas a “uma temporada na oposição” e que vê no regresso da “força do PSD” a resposta para a ambição, argumentando que já vê essa força “a voltar”.
Depois de longos minutos de discurso dedicados à Madeira — onde o PSD governa com Miguel Albuquerque [escolhido para presidente da mesa do congresso] —, Luís Montenegro deixa claro que na região “não entra o socialismo”.
“Não recebemos lições de autonomia de ninguém, não recebemos lições dos socialistas. (…) Escusam de andar com conversas de que estamos mais à direita, nós estamos junto das pessoas, no centro da condição humana, junto dos que mais precisam. É essa a nossa ideologia”, sublinhou, colocando-se de fora da discussão do posicionamento do PSD — o que aconteceu muito com Rui Rio e a proximidade ao PS.
Aos olhos de Luís Montenegro, “o país está mal, está cada vez mais pobre e o socialismo traz pobreza”. Para o comprovar, lembra que nos últimos 27 anos “o PS governo 20 anos” e enunciado: sete anos com António Guterres e António Costa (“um pântano”); sete anos de José Sócrates e António Costa (“uma bancarrota”) e sete anos de António Costa “está em todos, é totalista”).
Montenegro define os últimos anos de governação como os culpados pelo “país mais pobre”, por “pessoas a amontoarem-se às portas dos hospitais”, “alunos que chegam ao fim do ano sem professores” e uma “economia a ser ultrapassada pelos países do leste”. “O responsável é António Costa e PS”, atribuiu o líder do PSD.
Tal como já tinha feito à chegada à festa, Luís Montenegro insistiu que é “imoral” que as pesssoas “não tenham [condições] para pagar o mais básico”, mas que “Governo esteja a meter o dinheiro no bolso e nos cofres do Estado”, devido ao aumento de receitas por causa da inflação.
Para o presidente do PSD, as medidas agora anunciadas por Costa vêm “tarde”, frisando que “no fim só se safa em Portugal quem tem direito”, referindo-se aos tempos de espera de consultas e cirurgias e às escolas do privado.
Montenegro quer Governo a”tratar” do aeroporto, mas promete “contribuições” do PSD
À chegada à Festa do Chão da Lagoa, na Madeira, Luís Montenegro, presidente do PSD, acredita que antes de haver um acordo com o PS para a nova solução aeroportuária o Governo deve focar-se em resolver os problemas no Aeroporto Humberto Delgado. Em declarações aos jornalistas, o novo presidente do PSD instou o Executivo liderado por António Costa a “tratar” do aeroporto de Lisboa.
“Deve oferecer melhores condições para que economia e turismo não saiam prejudicados”, argumentou, frisando que o PSD se mantém disponível para dar “contribuições para que se projete uma solução para as próximas décadas em Portugal”.
“Eu quero ser muito claro: O PSD é um partido responsável, é um partido que entende que estas obras estratégicas, estruturantes, devem merecer um consenso tão alargado quanto possível, mas não vamos inverter os papeis”, reiterou, esclarecendo: “Quem tem de governar é o Governo, nós cá vamos fazer oposição responsável, como digo, mas oposição.”
Na semana em que teve uma reunião com António Costa, que durou quase quatro horas, Luís Montenegro voltou a acusar o Governo de “incompetência” pela forma como geriu o caso nos últimos sete meses.
Além do tema do aeroporto — que tem marcado o início de liderança de Montenegro — o presidente do PSD falou ainda do tema da inflação: “É galopante, o primeiro-ministro demorou, tardou, mas finalmente veio assumir que não é passageira.”
Aos olhos de Montenegro, este tema revela a “insensibilidade do Governo” pelo facto de “não aproveitar os impostos que está a cobrar a mais por causa da inflação”. Feitas as contas, o líder do PSD fala em “mais três ou quatro mil milhões de euros” e refere que “esse dinheiro [deve ser] aproveitado para estar ao lado dos que mais precisam”.
O social-democrata alerta para os bens essenciais afetados, justificando que “muitos pensionistas, reformados e pessoas de baixos rendimentos vão ter muita dificuldade em pagar as despesas mensais mais básicas”.