Uma das conselheiras principais do primeiro-ministro húngaro demitiu-se na sequência de um discurso de Viktor Órban, no qual se manifestou a favor da “raça pura” e contra a mistura de europeus com não europeus, foi anunciado esta quarta-feira.

Zsuzsa Hegedus, membro do círculo mais próximo do primeiro-ministro húngaro e amiga pessoal de Órban há 20 anos, descreveu o discurso como um “texto puramente nazi”, refere esta quarta-feira a imprensa húngara.

As declarações, proferidas no sábado na Roménia, já tinham sido criticadas pelo Comité Internacional de Auschwitz na terça-feira, quando o vice-presidente da organização, Christoph Heubner, classificou o discurso como “estúpido e perigoso” e acrescentou fazer lembrar aos sobreviventes do Holocausto “os tempos sombrios da sua própria exclusão e perseguição”.

Comité de Auschwitz “horrorizado” com discurso do primeiro-ministro húngaro sobre raça pura

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O porta-voz de Viktor Órban garantiu que as afirmações foram deturpadas pela imprensa.

O discurso foi feito perante uma grande comunidade húngara na Roménia, tendo Órban dito que os povos europeus deveriam ser livres para se misturar uns com os outros, mas que a mistura com não-europeus criava um “mundo mestiço”.

“Estamos dispostos a misturar-nos uns com os outros, mas não queremos tornar-nos pessoas mestiças”, disse.

As opiniões antimigração de Órban são bem conhecidas, mas para Hegedus, o discurso de sábado ultrapassou os limites.

“Não sei como não percebeu que o discurso que fez é uma diatribe puramente nazi digna de Joseph Goebbels”, o ministro da Propaganda de Adolf Hitler, escreveu a ex-conselheira na sua carta de demissão, citada pelo jornal online húngaro hvg.hu.