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O antigo chanceler alemão Gerhard Schröder, cuja proximidade a Vladimir Putin tem dado muita polémica no seu país, confirmou numa entrevista à revista germânica Stern — citada pelo Politico — que se encontrou com o Presidente russo na semana passada, em Moscovo.
Schröder chegou a afirmar a um jornalista russo, há dias, que estava no país apenas “de férias”, mas confirmou agora ter-se reunido com o líder do regime russo, segundo o Politico.
Na entrevista à Stern, o antigo chanceler defendeu que “as boas notícias são que o Kremlin quer um acordo negociado” com a Ucrânia para terminar a guerra. E sugeriu que os acordos com as Nações Unidas e a Turquia para permitir a exportação de cereais retidos na Ucrânia podem ser um ponto de partida para um cessar-fogo.
Porém, o antigo chefe de Estado alemão defendeu uma ideia que tem sido replicada por outros e que tem indignado e ofendido os ucranianos: sugeriu que para acabar a guerra, a Ucrânia — país invadido — terá também de fazer “concessões” para deixar de ter tropas da Rússia — país invasor — a atacar o seu território.
Peskov confirma encontro: “Pediu a Putin que explicasse o lado russo”
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também confirmou esta quarta-feira em declarações aos jornalistas que o Presidente russo Vladimir Putin teve um encontro com o antigo chanceler alemão em Moscovo.
Em conferência de imprensa, Peskov afirmou (citado pela CNN): “Sim, Schröder esteve em Moscovo recentemente e teve efetivamente um encontro cara a cara com o Presidente Putin”.
O porta-voz do Kremlin disse ainda que o antigo chanceler alemão está “muito preocupado sobre o atual estado de coisas” e sobre a “crise energética” que se está a “acentuar na Europa”, incluindo na Alemanha, país ao qual a empresa estatal russa Gazprom reduziu significativamente o seu fornecimento de gás.
“É claro, [Schröder] pediu que Putin explicasse a situação e que explicação a visão do lado russo sobre a mesma”, referiu ainda Dmitry Peskov.
Ministro alemão acusou-o de “fazer lobby pelas ações criminosas de Putin”
A proximidade de Schröder a Putin já fez inclusivamente a coligação de Governo do país, liderada pelo seu partido, o SPD, propor que o antigo chanceler perca os privilégios de conservação de um gabinete e uma equipa de trabalho político, que no último ano custaram aos contribuintes alemães uma soma de perto de 407 mil euros.
À estação Welt TV, o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, chegou a dizer que era impensável que alguém que está “abertamente a fazer trabalho de lobby pelas ações criminosas de Vladimir Putin continue a ter direito a um gabinete financiado pelos contribuintes”.
Há cerca de três meses, o jornal norte-americano The New York Times publicava uma entrevista a Gerhard Schröder na qual o ex-chanceler insistia que os interesses da Rússia e da Alemanha na área da energia são coincidentes e estão alinhados. Sobre a guerra, apesar das críticas, comentava: “Esta situação não tem apenas um lado”.