Arrancou esta quinta-feira, numa comissão de orçamento do Parlamento alemão, o processo que poderá levar à retirada de privilégios pós-exercício de funções ao antigo chanceler alemão Gerhard Schröder, devido à sua relação próxima com o Presidente russo Vladimir Putin.

O processo arrancou com uma proposta que deu entrada nesta comissão parlamentar e que faz parte de um rascunho de proposta orçamental. Se for aprovada, poderá vir a retirar excecionalmente a Schröder parte dos benefícios que são tradicionalmente concedidos a antigos chancelers do país.

A proposta do Governo de coligação alemão, liderado pelo SPD (precisamente o partido de Schröder) e suportada pelos Verdes e pelo FDP, não é tão ambiciosa quanto pedia a oposição, que defendia que fosse retirada ao antigo chanceler a pensão anual que recebe do Estado germânico, na ordem dos 100 mil euros anuais (perto de 7 mil euros mensais).

Como lembra o Deutsche Welle, porém, o próprio enquadramento legal da proposta seria discutível. Seja também por isso, ou apenas pelas ligações históricas do SPD a Schröder, a coligação governativa propôs “apenas” que o antigo chanceler possa perder os seus privilégios de conservação de um gabinete e uma equipa de trabalho político, que no último ano custaram aos contribuintes alemães uma soma de perto de 407 mil euros.

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Alemanha admite reverter vantagens concedidas a Gerhard Schröder, próximo a Putin

Este é, segundo o Deutsche Welle, apenas um de vários passos legais e políticos que terão de ser dados até que a perda de benefícios estatais concedidos ao antigo chanceler se efetive.

À estação Welt TV, o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, chegou a dizer que era impensável que alguém que está “abertamente a fazer trabalho de lobby pelas ações criminosas de Vladimir Putin continue a ter direito a um gabinete financiado pelos contribuintes”.

Schroederization. Ex-chanceler alemão pode vir a ser alvo de sanções económicas?

Há perto de três semanas, o jornal norte-americano The New York Times publicava uma entrevista a Gerhard Schröder na qual o ex-chanceler insistia que os interesses da Rússia e da Alemanha na área da energia são coincidentes e estão alinhados. Sobre a guerra, apesar das críticas, comentava: “Esta situação não tem apenas um lado”.

Amigo pessoal de Putin, o antigo chanceler alemão tem estado maioritariamente em silêncio nas últimas semanas e tem mostrado relutância em condenar de forma clara e contundente as ações do Presidente russo e do Kremlin nesta invasão militar à Ucrânia