A revista Forbes já divulgou a lista anual das 100 empresas de cloud privada mais influentes do mundo. Na lista Cloud 100 2022, divulgada esta terça-feira, há duas empresas portuguesas – a Talkdesk e a OutSystems. Estes dois unicórnios portugueses, empresas não cotadas com avaliação superior a mil milhões de dólares, já não são estreantes nesta lista.
A estreia da Talkdesk na lista foi feita na edição de 2019, enquanto a OutSystems foi incluída pela primeira vez na edição de 2021.
Na lista deste ano, que volta a ser feita pela Forbes em parceria com a Bessemer Venture Partners e a Salesforce Ventures, a Talkdesk entra pela primeira vez para uma posição no top 10, ocupando o sétimo posto. Já a OutSystems, empresa dedicada ao desenvolvimento de software “low-code”, figura no 44.º lugar desta classificação.
OutSystems levanta investimento de 150 milhões e fica avaliada em 9,5 mil milhões de dólares
Ambas as empresas portuguesas conseguiram escalar posições face ao ranking do ano passado. A Talkdesk, que desenvolve software para centros de contacto, subiu nove lugares na lista face ao 17.º lugar que ocupava no ano passado. Curiosamente, a empresa fundada por Tiago Paiva e Cristina Fonseca volta a ser referida como uma empresa norte-americana, com a sede em São Francisco, na Califórnia.
“Estamos muito honrados por sermos reconhecidos como parte deste prestigioso ranking”, diz Tiago Paiva, diretor executivo principal da Talkdesk, através de comunicado. “Esta conquista celebra a inovação corajosa e a obsessão com o cliente que está no centro de tudo o que fazemos na nossa jornada para dar às empresas melhores formas de criar experiências mais personalizadas, produtivas e lucrativas para os clientes”.
A companhia figura na lista da Forbes com uma avaliação de 10 mil milhões de dólares — divulgada no ano passado — e 2.100 empregados. A distinção acontece depois de, na semana passada, ter sido avançada uma redução do número de trabalhadores da Talkdesk, devido às condições económicas.
Na rede social LinkedIn, já circula uma fotografia da torre do índice Nasdaq, em Wall Street, onde é destacada a inclusão da Talkdesk nesta lista. “É incrível ver a Talkdesk na torre do Nasdaq novamente”, escreveu Guilherme de Oliveira Pinheiro, vice-presidente regional da empresa nesta rede social.
A OutSystems, por sua vez, salta do 61.º posto em 2021 para o 44.º lugar da tabela. Em comunicado de imprensa, Paulo Rosado, o CEO e fundador da companhia, nota que a “inclusão pelo segundo ano consecutivo na lista é um testemunho do excecional valor que os clientes estão a atingir usando software OutSystems para alavancar a transformação cloud”. “A pressão para entregar aplicações críticas para negócio na cloud nunca foi tão grande e uma abordagem com desenvolvimento de elevado desempenho é essencial”, continua este responsável.
A OutSystems é descrita na lista deste ano como tendo uma avaliação de 9,5 mil milhões de dólares e 1.723 trabalhadores.
A lista das 100 empresas mais influentes no espaço da cloud conta com empresas de “Helsínquia a Hong Kong”, explica Alex Konrad, editor deste ranking da revista Forbes. É explicado que a elaboração desta lista inclui a consulta a 26 CEO jurados e executivos de empresa do espaço cloud. O processo de avaliação da lista Cloud 100 envolve a classificação de empresas em quatro fatores: a liderança de mercado, com um peso de 35%, a avaliação estimada (30%), métricas operacionais (20%) e pessoas e cultura (15%).
A edição deste ano da lista reconhece também o contexto mais desafiante que as empresas do setor enfrentam, depois de “vários anos de avaliações elevadas e uma janela larga de IPO [ofertas públicas iniciais] que ajudaram estas empresas a entrar em bolsa”. Segundo os dados da companhia, das 11 empresas da lista do ano passado que ingressaram em bolsa, menos seis do que no ano anterior, todas estão a negociar abaixo do preço inicial.
Há também países estreantes nesta lista, como o Canadá e a Finlândia, com a estreia da 1Password (66.º lugar) e a Aiven (78.º lugar), respetivamente.
O primeiro lugar da lista volta a ser ocupado pela Stripe, empresa de processamento de pagamentos, com uma avaliação de 95 mil milhões de dólares. A californiana Databricks ocupa o segundo lugar, com uma avaliação de 38 mil milhões, e a australiana Canva completa o pódio, com uma avaliação estimada em 40 mil milhões de dólares.
As empresas com maior número de empregados são a Stripe e a norte-americana Yardi, de software para imobiliário, ambas com 8 mil empregados.
Empresa de origem russa escala 32 posições na lista — a maior subida do ano
Num ano que fica já marcado pela eclosão de um conflito na Europa, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, há uma empresa fundada no país liderado por Putin a fazer uma significativa escalada na lista – a Miro. A empresa liderada por Andrey Khusid, que recorre à cloud para desenvolver software de colaboração digital, ocupa o quarto lugar da lista, subindo 32 lugares. Esta é mesmo a maior subida de alguma empresa na lista deste ano.
Com o início da guerra, em fevereiro, a liderança da Miro anunciou o encerramento do escritório da Rússia e pôs ponto final a todas as vendas no país. “Quando se tem de tomar decisões muito difíceis num período muito curto de tempo, não há ninguém que tenha um livro de instruções para isso”, admite em entrevista à Forbes Grisha Pavlostky, diretor de operações da companhia. “Acreditamos que fizemos a coisa certa”, remata este responsável, que é incluído nos destaques deste ano. Desde então, a empresa tem operações estabelecidas em Amesterdão, nos Países Baixos, e em São Francisco, nos Estados Unidos.
A Miro está avaliada em 17,5 mil milhões de dólares, tendo um total de 1.744 trabalhadores.
(Atualizado a 12 de agosto para incluir citação de Tiago Paiva, da Talkdesk.)