O líder da Igreja Católica angolana mostrou-se esta sexta-feira confiante na maturidade democrática dos eleitores e pediu aos políticos que promovam o diálogo para que, no dia seguinte às eleições, seja possível “construir a paz e a concórdia”.
No dia seguinte [às eleições de 24 de agosto], continuaremos a ser angolanos, a construir a paz, a construir o amor, a concórdia e a reconciliação. A construir a Angola de todos para todos”, disse o arcebispo José Manuel Imbamba, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), em declarações aos jornalistas, no final de uma cerimónia organizada pelo MPLA com confissões religiosas.
Sobre o dia das eleições, o arcebispo de Saurimo que dirige a igreja angolana pediu que a data “seja vivida como um momento de convívio social”, num “espírito de paz, reconciliação, unidade e irmandade” que “esteja acima de outras querelas”.
Que no dia 24, o povo angolano demonstre essa maturidade que sempre demonstrou noutros momentos” e que os líderes políticos “deixem todos os ressentimentos, todos os ódios, que não olhem o poder pelo poder, que vivam a paz virada para o progresso do povo angolano”, pediu José Manuel Imbamba.
Na sessão do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), foi apresentado o programa do partido governamental, que dirige os destinos de Angola desde a independência, mas Manuel Imbamba lamentou que este tipo de diálogo institucional não se repita fora dos períodos eleitorais.
[É] uma iniciativa que considero muito oportuna e importante porque tomámos contacto com aquilo que o partido no poder pensa em relação aos próximos cinco anos”, mas “é um diálogo que não deve ser reservado apenas para momentos como estes, perto das eleições”, salientou o prelado.
Para José Manuel Imbamba, “deveria ser um diálogo frequente” para se pensar “os problemas comuns”, e pediu uma mudança estrutural na administração do país.
A reforma do Estado é o caminho para a solução de todos os problemas. Reforma esta que exige primeiro a reforma das próximas pessoas” que devem “incorporar os valores éticos” em “relação aos compromissos sociais, para que verdadeiramente esses compromissos sejam assumidos em nome de Angola e da cidadania e não em nome do partido ou da militância”, explicou, lamentando a partidarização das instituições públicas.
“As instituições ainda têm doenças endémicas que é preciso sanar e essas doenças têm a ver com a própria instrumentalização e politização e todos aqueles vícios que não ajudam a que essas instituições estejam ao serviço da cidadania”, salientou.
Angola vai a votos a 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.