A época era outra, o contexto também era diferente, o adversário era exatamente o mesmo. Mais de um ano depois da invasão de campo que levou ao adiamento da receção do Manchester United ao Liverpool a contar para a 34.ª jornada da Premier League, naquele que foi o episódio mais extremo da manifestação dos adeptos contra a família Glazer, atual proprietária do clube, as autoridades locais e os responsáveis dos red devils voltavam a temer o pior nas horas que antecediam o clássico inglês. Tanto que, “por receios de segurança”, parte da rotina da equipa antes do jogo foi alterada para evitar qualquer tipo de problema.

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Assim, e ao contrário do que é normal, os jogadores do United não se concentraram no The Lowry Hotel, onde passam as horas que antecedem a partida antes de rumarem em conjunto para Old Trafford, e tinham indicações para se apresentarem diretamente no estádio antes da partida da terceira jornada da Premier League de 2022/23. Uma partida com uma curiosidade: atravessando momentos muito diferentes, nem o Manchester United (1-2 com o Brighton, 0-4 com o Brentford), nem o Liverpool (2-2 com o Fulham, 1-1 com o Crystal Palace) tinham conseguido ainda ganhar na presente edição do Campeonato.

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A dívida, o verde e amarelo, a gota de água da Superliga. Porque é que os adeptos do Manchester United querem afastar a família Glazer?

“Não temos nada a ver com a situação se os adeptos do United não quiserem que o jogo avance. Não podemos reorganizar o jogo e tentar enfiá-lo em qualquer lado num calendário já muito sobrecarregado – o Liverpool tem 25 jogos para disputar antes do Mundial em novembro. Vamos para Manchester, espero que haja jogo e depois vamos para casa. Não sei o que vai acontecer. Mas numa situação destas a equipa visitante deve receber os pontos, não tem nada a ver com o protesto”, comentara na antecâmara da partida Jürgen Klopp, acautelando uma situação semelhante à que aconteceu em maio de 2021.

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A estimativa dos organizadores do protesto apontava para um total de 10.000 presentes, sendo que houve um redobrado apelo para que tudo fosse feito dentro das regras e sem excessos. No entanto, e tal como foi possível ver no ano passado, havia receio de que adeptos mais radicais pudessem bloquear os acessos das equipas ao estádio e entrar em confronto com a (muita) polícia destacada para Old Trafford esta segunda-feira. Em Brentford, sobretudo depois do 4-0 marcado pela equipa da casa aos 35′, foram várias as tarjas e cânticos contra a família Glazer, num protesto simbolizado também pelos cachecóis verdes e amarelos, as cores do Newton Heath, clube fundado em 1878 que daria origem ao United há 120 anos. A primeira notícia a chegar do estádio foi ainda assim a chegada de Casemiro, futuro reforço ex-Real Madrid.

Dentro e fora do estádio, o protesto avançou mesmo, com um notório reforço policial para evitar episódios como aqueles que ocorreram há menos de um ano e meio. E confirmaram-se os números da organização, com milhares de adeptos a marcharem em conjunto rumo a Old Trafford com várias tarjas contra a família Glazer e também a pedir a uma pessoa em específico para avançar para a compra dos red devilsJim Ratcliffe, bilionário britânico proprietário da Ineos (e o homem mais rico do Reino Unido, acrescente-se) que já tinha sido apontado a uma potencial aquisição do Chelsea e que manifestou a sua disponibilidade para estudar uma potencial solução para o Manchester United… assim queiram os Glazer.