O euro seguia esta terça-feira a negociar-se abaixo da paridade face ao dólar, pela segunda vez este verão, tendo chegado a atingir o valor mais baixo em quase 20 anos (0,9901 dólares).
A desvalorização da moeda única da zona euro deve-se ao fortalecimento do dólar, sustentado na política monetária da Reserva Federal que, ao contrário do Banco Central Europeu (BCE), mostrou, muito antes, a sua determinação em prosseguir uma política agressiva de aumento dos juros para combater a inflação.
Assim, as altas taxas de juros nos Estados Unidos tornam mais rentável a retenção de dólares, o que atrai os investidores e faz com que a moeda norte-americana se valorize.
Por sua vez, em julho deste ano, o BCE aumentou as taxas de juro de referência pela primeira vez, quebrando assim o longo ciclo de taxas negativas, mas a sinalização de que poderá fazer uma subida mais agressiva, não é suficientemente clara para os investidores e os mercados.
“O BCE está a pisar ovos. Não pode abrir mão por completo aumentando as taxas [de juro] porque tem medo de causar uma crise de dívida soberana nos países mais endividados da zona do euro”, disse o diretor de Estudos Económicos da IESEG School of Management, Eric Dor, lembrando que a Fed “não está [atualmente] confrontada com este problema”.
Nesse sentido, o diferencial de taxas entre os Estados Unidos e os Estados-membros da zona euro é “muito favorável ao dólar”, prosseguiu o responsável.
Além disso, a guerra na Ucrânia e a dependência da Europa dos gás proveniente da Rússia reforçam a “crescente” incerteza na zona do euro, concluiu.