O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) acusou esta quinta-feira o Governo de mentir quando diz que há capacidade de resposta para garantir a total segurança das populações, alegando que o problema é estrutural.

Em declarações aos jornalistas durante uma ação de sensibilização e protesto, na Praia da Rocha, em Portimão, Paulo Santos afirmou que não se deve continuar “com o paradigma de mentir às populações“, justificando o uso do verbo mentir com o facto de o Governo estar a “branquear” a realidade.

“Eu tenho de usar o termo mentir porque, de facto, aquilo que temos assistido por parte do Governo é uma mentira constante de que está tudo bem, de que há capacidade de resposta, quando sabemos bem, quem conhece a instituição, que andamos a puxar o cobertor de um lado para o outro”, sublinhou.

Um grupo de profissionais da PSP esteve neste dia de manhã numa das principais entradas para o areal da Praia da Rocha a distribuir folhetos aos turistas e residentes ao abrigo de uma campanha sob o lema “polícia ‘low cost‘”, em português “polícia a baixo custo“.

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Os folhetos, com textos em português, inglês, alemão e francês, apresentam o polícia português como um “superpolícia ‘lowcost‘” e que, apesar de mal pago e receber um baixo subsídio de risco, se esforça para que o país continue a ser seguro.

Um casal de Aveiro que recebeu o folheto reconheceu à Lusa que a profissão de polícia é mal paga, apesar dos riscos, mas notou que esse não é caso único no país, já que o mesmo acontece, por exemplo, com os enfermeiros ou professores.

Um outro turista, de nacionalidade sueca, disse à Lusa considerar que Portugal é um país seguro e que o policiamento é visível nas ruas, mas concordou com as reivindicações expressas pelo sindicato de que os salários são muito baixos.

“Era importante que o Governo, agora no mês de setembro, desse um sinal claro junto da PSP, junto da polícia, junto dos sindicatos, se sentasse à mesa e discutisse aquilo que é estrutural que é como é que podemos alterar este paradigma e tornar a instituição PSP forte e com capacidade de resposta operacional, junto das populações”, argumentou Paulo Santos.

Segundo o dirigente sindical, é fundamental reverter o paradigma de uma polícia ‘low cost’, que enfrenta “baixos salários e sobrecarga de trabalho”, quando o “que se denota do Governo é uma tentativa de tentar branquear constantemente a realidade da PSP e da segurança interna”.

Aquele responsável alertou ainda para o facto de a PSP estar envelhecida por ser pouco atrativa para os jovens, argumentando que o problema é estrutural e não se vai resolver com “políticas de caridade“, dando lugar em creches, com senhas de refeição ou com alojamento para os polícias.

De acordo com o presidente da ASPP/PSP, os polícias estão “desmotivados” e cada a vez a ser mais “apertados” internamente “para dar cumprimento à missão”, havendo, até, alguns indícios “preocupantes” a nível de criminalidade no país.

“Há fenómenos criminais que estão a acontecer que a PSP não tem tido capacidade de resposta, exatamente por aquilo que é a falta de efetivos”, referiu, dando como exemplos um tiroteio ocorrido em julho em Vila Real, ou os desacatos com adeptos de um clube de futebol em Guimarães.

No entanto, segundo Paulo Santos, Portugal ainda é um país seguro, mas “à custa do esforço, sentido de responsabilidade e trabalho suplementar” dos polícias e não das medidas tomadas pelo Governo na área da segurança.