É um dos nomes mais falados para a substituição de Marta Temido, e para já não diz um “não” rotundo — a resposta fica mais próxima de um cauteloso “vamos ver”. À rádio Observador, o dirigente socialista Manuel Pizarro, que é também eurodeputado, diz “gostar muito” da função em que se encontra agora, mas assegura que “neste momento” essa questão não se coloca.
“Gosto do meu nome, mas também gosto muito da função em que estou, que é a de eurodeputado”, gracejou o eurodeputado, esta quinta-feira, preferindo não se alongar muito sobre o assunto, mas também sem negar que possa ter disponibilidade e vontade para aceitar o cargo.
E se a questão não se coloca é, sobretudo, pelo compasso de espera que o próprio António Costa impôs no processo de substituição da ministra (demissionária) da Saúde. No programa Explicador, Pizarro lembrou precisamente que o primeiro-ministro “se encarregou” de garantir que ainda faltariam “dias ou até algumas semanas” para escolher o novo nome que liderará a pasta da Saúde.
Por isso mesmo, para Pizarro, “esse assunto neste momento não se coloca” e não fará “sentido nenhum” falar sobre ele”.
Marta Temido “não aguentou mais”. Agora, PS já olha para Fernando Araújo, o novo preferido
O eurodeputado, que foi secretário de Estado da Saúde e liderou a bancada do PS na Comissão Parlamentar da Saúde, estava a participar num programa com Paulo Rangel sobre a suspensão do acordo que facilitava vistos da UE para cidadãos russos e disse estar focado apenas em comentar esse tema em concreto: “Não estou interessado em comentar” a sucessão de Temido, rematou.
A substituição de Marta Temido é o tema que mais agita, neste momento, os corredores do PS, dada a espécie de vazio de poder que Costa decretou ao ditar, na madrugada em que a ministra se demitiu, que a sua substituição não seria “rápida”. O motivo, explicou o primeiro-ministro, seriam os afazeres que tem pela frente nos próximos dias, incluindo a visita oficial a Moçambique (onde já está a participar na Cimeira Luso-Moçambicana) e a preparação do pacote de ajuda às famílias por causa dos efeitos da inflação, que será aprovado na segunda-feira.
O prazo seria, em princípio e na cabeça de Costa, fixado a 15 de setembro — dia em que era suposto o Conselho de Ministros aprovar a regulamentação do novo estatuto do SNS, tarefa que queria que ainda fosse cumprida pela ministra. Mas o primeiro-ministro já admitiu que esse prazo poderá ser antecipado.
De qualquer das formas, nos bastidores fazem-se apostas relativas ao nome que escolherá para suceder a Temido: o presidente do conselho de administração do Hospital de São João, Fernando Araújo, é o mais consensual no PS, mas também se fala de Manuel Pizarro, pelo percurso na área e por Costa poder precisar de alguém que consiga apaziguar o setor (e para isso contribuiria o facto de o próprio Pizarro ser médico de profissão); o atual secretário de Estado António Lacerda Sales, se a opção for pela continuidade; e Rosa Matos Zorrinho, que lidera o Centro Hospitalar Lisboa Central e seria uma confirmação dos sinais que Costa tem querido dar na questão da paridade.