Depois de este sábado ter escrito no Twitter que não estão a funcionar — “Até à data, aqueles que foram sancionados estão a ganhar, enquanto aqueles que puseram as sanções em vigor estão de joelhos” —, este domingo Matteo Salvini, o líder do partido de extrema-direita Liga Norte e um dos candidatos às legislativas do próximo 25 de setembro no país, defendeu o fim das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, primeiro numa entrevista radiofónica, depois num debate num fórum económico, que decorreu na margem sul do Lago de Como, em Cernobbio.

“Passaram-se vários meses e as pessoas estão a pagar duas, três, ou mesmo quatro vezes mais pelas suas contas. E passados sete meses, a guerra continua e os cofres da Federação Russa estão a encher-se de dinheiro”, disse o aliado de Giorgia Meloni, neste momento a principal candidata à cadeira de chefe do governo italiano.

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Garantindo que quer “proteger a Ucrânia” mas não a qualquer custo — “Não gostaria que isso significasse que, em vez de prejudicarmos os sancionados, nos prejudicamos a nós próprios” — o político, conhecido pelas suas posições anti-imigração e que, em 2019, chamou “melhor estadista no planeta” a Vladimir Putin, defendeu a necessidade de “um escudo europeu” que possa, tal como aconteceu durante a pandemia, proteger empresas e famílias.

Este sábado, na já referida publicação no Twitter, já tinha dito algo idêntico: “É evidente que alguém na Europa fez um mau cálculo. É essencial repensar a estratégia para salvar empregos e empresas em Itália”.

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À margem do Cernobbio 2022, a oposição manifestou-se contra esta posição. Previsivelmente, Enrico Letta, do Partido Democrático, acusou Salvini de defender os interesses russos: “Acho que Putin não o teria dito melhor”, escreveu este sábado no Twitter. “Quando ouço Salvini falar de sanções, sinto que estou a ouvir a propaganda de Putin”, disse este domingo aos jornalistas.

Meloni, também de extrema-direita e desde a primeira hora apologista do apoio à Ucrânia e das sanções contra a Rússia, também não teve contemplações: “Se a Itália se separar dos seus aliados, para a Ucrânia não muda nada, mas para nós muda muito”, avisou. “Uma nação séria que quer defender os seus interesses deve tomar uma posição credível.”

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