Pedro Silva Carvalho, um dos sócios do Escama, restaurante aberto há cerca de quatro meses na Parede, foi “afastado” depois de ter dito que não é “apologista de mulheres a trabalhar na restauração” por estas serem “muito conflituosas” e se deixarem “ferir facilmente”.

Em declarações à revista Time Out, Pedro Silva Carvalho defendeu a sua posição justificando que “sem querer ferir suscetibilidades”, os homens “são mais eficazes a trabalhar em restauração”. A equipa do Escama é, toda ela, masculina.

Já estive responsável por muitas, muitas pessoas, e as mulheres são muito conflituosas a trabalhar em restauração, porque isto é um trabalho desgastante, e não é fácil a longo prazo gerir certas coisas”, acrescentou explicando que os homens lidam “com as coisas de uma forma diferente”, sem se deixarem “ferir facilmente”.

As declarações causaram polémica e, esta sexta-feira, o restaurante veio demarcar-se do que considera ser uma “convicção pessoal e individual relativamente à posição das mulheres e aos respetivos desempenhos na área da restauração”.

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Em comunicado, o Escama desculpou-se pelas declarações proferidas por um dos seus sócios e garantiu não se identificar “minimamente com o tipo de ideologia e pensamento machista demonstrados no artigo da Time Out ou de outra índole opressora”.

O restaurante disse ser um forte apoiante da igualdade de género e, como não permite que um dos seus partilhe de ideias contrárias “ao princípio da igualdade”, decidiu afastar Pedro Silva Carvalho.

Após ser tornado público o afastamento de um dos sócios, o gerente do Escama reagiu considerando que as declarações refletem um “momento de infelicidade”, mas que “o que não é para ser escrito não deve ser dito”.

Tem sido complicado, como é óbvio. O Pedro sempre fez parte da nossa equipa, sempre trabalhou muito connosco. Acho que foi um momento de infelicidade, que não reflete de todo a forma como ele é, até porque convivemos com ele e já tivemos mulheres a trabalharem connosco, sem nenhum problema”, afirmou João Assunção em declarações à Nit.

À mesma revista, Henrique Silva, outro sócio do restaurante, reforçou que não se revê naquilo que foi dito e que o afastamento de Pedro Silva Carvalho era “o único caminho a seguir”.

“Foi um assunto falado entre os dois e visto o que se passou, que prejudicou muito a imagem do restaurante, chegamos a acordo — o correto seria separar os nomes Pedro Silva Carvalho e Escama. Está tudo a ser tratado da melhor forma possível”, afirmou, explicando que Silva Carvalho “não quer que o negócio seja prejudicado”.

Se fosse um empregado qualquer, era despedido, mas sendo um dos mentores, peça-chave na idealização do conceito, as coisas são mais complicadas. Nada foi feito a quente, de imediato, mas este desfecho era necessário”, concluiu Henrique Silva.