A leitura do acórdão do processo para determinar eventuais responsabilidades criminais nos incêndios de Pedrógão Grande, nos quais o Ministério Público (MP) contabilizou 63 mortos e 44 feridos quiseram procedimento criminal, realiza-se esta terça-feira no Tribunal Judicial de Leiria.

Dezenas de bombeiros estão concentrados junto ao Tribunal Judicial de Leiria, para onde se prevê às 10h00 a leitura do acórdão do processo dos incêndios de Pedrógão Grande, no qual está acusado o comandante da corporação deste concelho.

No local, a partir das 08h30, começaram a chegar bombeiros, incluindo comandantes, de corporações de todo o país, constatou a agência Lusa no local.

Um dos bombeiros referiu que a iniciativa visa apoiar o comandante Augusto Arnaut, julgado por 63 crimes de homicídio e 44 de ofensa à integridade física, 12 dos quais graves, todos por negligência.

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Além do comandante Augusto Arnaut, vão conhecer a deliberação do tribunal dois funcionários da antiga EDP Distribuição (atual E-REDES), José Geria e Casimiro Pedro. A linha de média tensão Lousã-Pedrógão, onde ocorreram descargas elétricas que desencadearam os incêndios, era da responsabilidade da empresa.

Três funcionários da Ascendi – José Revés, Ugo Berardinelli e Rogério Mota – estão também a ser julgados. A subconcessão rodoviária do Pinhal Interior, que integrava a Estrada Nacional 236-1, onde se registou a maioria das mortes, estava adjudicada à Ascendi Pinhal Interior.

Os ex-presidentes das Câmaras de Castanheira de Pera e Pedrógão Grande, Fernando Lopes e Valdemar Alves, respetivamente, um antigo vice-presidente da Câmara de Pedrógão Grande José Graça e a então responsável pelo Gabinete Florestal deste município, Margarida Gonçalves, estão igualmente entre os arguidos, assim como o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu.

Em 31 de maio, quando Filomena Girão, a advogada de Augusto Arnaut, fez as alegações finais, bombeiros de todo o país também se concentraram junto ao Tribunal Judicial de Leiria, numa iniciativa para manifestar solidariedade ao comandante.

No dia 20 desse mês, a direção dos Bombeiros de Pedrógão Grande tinha apelado aos comandos das corporações de bombeiros do país para marcarem presença nesta sessão de julgamento.

O apelo surgiu num ofício que a direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande enviou às associações, federações e Liga de Bombeiros Portugueses, dois dias depois de o Ministério Público ter pedido a condenação a prisão efetiva, superior a cinco anos, do comandante de Augusto Arnaut.