O Presidente da República considera que o Governo devia ser mais claro sobre o cenário económico que tem em cima para os próximos meses e que explica por que razão “não dá mais” nos apoios que desenhou para famílias e empresas, na resposta à subida acelerada da inflação, como efeito da guerra na Ucrânia.
Em declarações aos jornalistas, na entrada para o espetáculo em que se comemoram os 46 anos de carreira do cantor João Gil, Marcelo admite que “o Governo talvez ganhasse em explicar aos portugueses que visão tem para o [próximo] ano” e quais os cenários de que dispõe sobre o desempenho da economia.
“Estamos a três semanas da entrega do Orçamento do Estado (OE), e OE é acompanhado de um cenário económico”, lembrou o Presidente da República. Ora, para Marcelo — e num momento em que a oposição contesta as medidas apresentadas para apoiar famílias e empresas face ao galopar da inflaão, “o Governo tem de dizer ao país: no ano que vem, o crescimento, em vez de ser 6/7% é 1% ou 2%; a inflação continua alta ou não? O emprego continua [com] pleno emprego ou não? Turismo: continua ou não continua? O investimento continua ou n continua? O consumo continua alto ou quebra?”
Parece Marcelo, esse enquadramento “é muito importante para que os portugueses percebam quando o Governo diz ‘não posso ir mais longe porque o que vem aí é mau’”. O Presidente da República sublinha que “o Governo é o primeiro a ganhar em explicar” o porquê de não ter ido mais longe nos apoios concedidos.
“Provavelmente”, admite, “está à espera de ter OE pronto para apresentar” essas explicações. Mas, ressalva, “neste intervalo, que são três semanas, isso faz com que muita gente diga: ‘Não percebemos porque não dá mais porque n percebemos, no futuro”, que implicações a guerra e a crise energética na Europa poderão continuar a ter para o crescimento das economias nacionais.
Responsável do SNS? “Os portugueses anseiam por mais” dos serviços de saúde
Parco em considerações sobre a escolha do Governo para o lugar de diretor executivo do SNS — “Terei a minha opinião sobre solidez da equipa”, limita-se a dizer —, Marcelo é mais claro sobre o futuro dos cuidados de saúde prestados em Portugal.
“Os portugueses querem mais, anseiam por mais em relação ao SNS”, defende o Presidente da República. Podem até reconhecer “o que houve de positivo no passado” — no combate contra a pandemia e no processo de recuperação dos profissionais e dos serviços que se seguiu à fase mais aguda da pandemia —, mas “esperam que seja o virar de página”, diz Marcelo, numa referência subjacente aos problemas que muitos serviços de saúde registaram este verão, sobretudo nas áreas de ginecologia e obstetrícia. “Os portugueses querem mais”, remata.