Era expectável que o Presidente russo, Vladimir Putin, discursasse à nação esta terça-feira, no dia em que as forças separatistas de Kherson, Lugansk, Donetsk e Zaporíjia anunciariam a realização de um referendo para se juntarem à Federação Russa.

No meio da tarde desta terça-feira, os meios de comunicação internacionais e alguns russos divulgaram que o Presidente russo falaria à nação esta segunda-feira às 20h00 (18h00 em Lisboa) na televisão estatal. Contudo, o espaço noticioso transmitido àquela hora nunca foi interrompido para o discurso de Vladimir Putin, sendo que se esperaria que fosse acompanhado pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu.

As horas foram passando e continuava a não haver sinal do Presidente russo. Ao início da noite desta terça-feira, chegou aquilo que parecia ser a oficialização de que o discurso fora adiado para quarta-feira (não se sabendo ainda a hora). Na sua conta pessoal do Telegram, Sergei Markov, antigo conselheiro do Kremlin, revelou que Vladimir Putin não se ia dirigir à nação esta terça-feira. 

Através de uma mensagem enigmática nas redes sociais, Margarita Simonyan, uma das principais propagandista do Kremlin e editora-chefe do órgão Russia Today (RT), também sugeriu que Vladimir Putin não falaria esta terça-feira, aconselhando às pessoas a “irem dormir”.

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Mais tarde, chegou a confirmação. De acordo com a Forbes Rússia, que cita duas fontes do Kremlin, o discurso será transmitido quando o “Extremo Oriente acordar”. Pjotr Sauer, correspondente do Guardian, cita o jornalista do Kremlin Dmitry Smirnov apontando a hora do discurso para as 08h00 em Moscovo (06h00 em Lisboa).

O Kremlin, que nunca confirmou oficialmente a existência do discurso, também não adiantou qual foi o motivo pelo qual Vladimir Putin decidiu adiá-lo. À Sky News, o general britânico Richard Shirreff explica que tal se deveu a um cenário nos bastidores do Kremlin “bastante caótico”.

O discurso de Vladimir Putin deveria incidir sob o referendo anunciado nas regiões separatistas. Em cima da mesa, também estaria uma mobilização da população para a guerra na Ucrânia após os êxitos ucranianos na contraofensiva em Kharkiv, um cenário que os Estados Unidos admitiram, esta terça-feira, ser provável.