O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou numa entrevista ser a favor de que a União Europeia abra as portas aos cidadãos russos que são objetores de consciência e que ignoram o apelo do Presidente russo, Vladimir Putin.

Numa entrevista ao jornal norte-americano Politico, o líder europeu afirma que o bloco tem de mostrar uma certa “abertura àqueles que não querem ser instrumentalizados pelo Kremlin”.

“A União Europeia deve acolher aqueles que estão em perigo devido às suas opiniões políticas. Se as pessoas na Rússia estão em perigo pelas suas opiniões políticas, por não seguirem esta louca decisão do Kremlin de lançar esta guerra na Ucrânia, devemos ter isso em conta”, disse Michel.

As observações de Michel surgem apenas dois dias antes de os “27” realizarem uma reunião de emergência a nível de embaixadores, em que se espera que sejam anunciadas novas medidas e sanções contra a Rússia devido à sua invasão da Ucrânia.

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A possibilidade de a UE abrir as portas aos cidadãos russos surge num contexto em que o bloco acaba de concordar na suspensão do acordo de facilitação de vistos com a Rússia, depois da insistência de vários Estados.

Alguns membros da UE insistiram em suspender este acordo porque consideram pouco ético que enquanto Moscovo lança uma guerra na Ucrânia, cidadãos russos venham à Europa para viajar e passar as férias.

Numa outra entrevista, divulgada pela BBC, o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, defendeu a necessidade de procurar uma “solução diplomática” para a guerra na Ucrânia que mantenha a “soberania e a integridade territorial” do país.

“Este é um momento perigoso porque o Exército russo foi encurralado e a reação de Putin (Presidente da Rússia, Vladimir Putin) ao ameaçar utilizar armas nucleares é muito má”, disse o chefe da diplomacia europeia à emissora pública britânica.

Borrell salientou que a solução do conflito deve vir através da mesa de negociações: “Caso contrário, podemos acabar com a guerra, mas não alcançaremos a paz, porque teremos outra guerra”, disse.

O diplomata acrescentou que a UE deveria continuar a apoiar o Exército ucraniano e a aplicar sanções contra a Rússia, salientando ao mesmo tempo a sua preocupação com o aumento do custo da energia resultante da guerra.

“As pessoas no meu país dizem-me que o preço do gás significa que não podem continuar a trabalhar, não podem continuar a gerir os seus negócios”, disse o político espanhol.

Borrell apelou a Putin para desempenhar um papel na evolução para uma solução negociada: “Para dançar o tango, são precisos dois”, disse.

“Todos os que foram a Moscovo, ao Kremlin, para falar com Putin, voltaram com a mesma resposta: ‘Eu (Putin) tenho objetivos militares e se eu não atingir esses objetivos militares, continuarei com a guerra’. Esta é certamente uma direção preocupante”, sublinhou.