Continua a aumentar o número de vítimas mortais provocadas pela passagem do furacão Ian no estado norte-americano da Florida. O último balanço recolhido junto de fontes oficiais nos vários condados do estado — que nem sempre coincide com os números avançados pela comunicação social — aponta agora para 17 mortes associadas à tempestade, que entrou em terra na quarta-feira. Mas o número pode ser superior.
Oito das mortes confirmadas ocorreram no condado de Charlotte, na costa oeste e muito perto da área onde Ian chegou a terra — mas o vereador Joseph Tiseo, citado pela CNN, admite que o número pode ser superior. No condado de Lee, o autarca da cidade de Sanibel, Dana Souza, disse que quatro pessoas morreram em toda a ilha, mas a CNN já aponta para cinco vítimas mortais.
O condado de Sarasota registou duas mortes relacionadas com o furacão, disse a xerife Kaitlyn Perez à CNN. Uma pessoa que estava em cuidados paliativos num lar de idosos morreu no condado de Osceola, confirmou o diretor de Gestão de Emergências, Bill Litton, ao mesmo canal de televisão.
Um homem de 72 anos morreu em Deltona, condado de Volusia, após cair num canal enquanto usava uma mangueira para drenar a piscina, que estava a ser atingida pela chuva forte, explicou a polícia local. No condado de Lake, outro homem de 38 anos morreu num acidente após o automóvel ter deslizado numa estrada molhada.
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Biden: “Este pode ser o furacão mais mortal na história da Florida”
O Presidente dos EUA já reagiu ao impacto do furacão Ian no estado da Florida. Depois de ter declarado estado de emergência naquela região, Biden lembrou que o furacão “continua a mover-se pelo estado” esta quinta-feira e previu: “Este pode ser o furacão mais mortal na história da Florida”.
Os números ainda não são claros, mas estamos a ouvir relatos iniciais do que pode ser uma perda substancial de vidas. A minha mensagem para o povo da Florida e para o país é esta: em tempos como estes, a América junta-se. Vamos trabalhar juntos como uma equipa, como uma América”, acrescentou o Presidente dos EUA, esta quinta-feira, que falou na sede da Agência Federal de Gestão de Emergências, em Washington D.C.
O Furacão Ian atingiu Cayo Costa às 20h05 desta quarta-feira (em Portugal Continental, 15h05 na Florida, EUA), horas depois do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) ter alertado para “danos catastróficos” que o vento poderia vir a provocar. A tempestade atingiu a costa com ventos de 241 quilómetros por hora, provocando inundações e deixando mais de dois milhões de residências e empresas na Florida sem eletricidade. Também um gabinete das autoridades costeiras adiantou ter recebido muitos telefonemas de pessoas presas em casa.
“Não sabemos exatamente o que está lá fora. Há moradores que estão desesperados por ajuda. As suas casas estão em risco e as empresas também. E temos problemas com a água”, explicou esta madrugada de quinta-feira Carmine Marceno, do Condado de Lee. Neste momento, as autoridades estão com dificuldades em responder a todos os pedidos de ajuda que estão a chegar por telefone.
Além do relato de várias casas danificadas pela chuva e vento fortes, a CNN relata que o telhado de uma unidade de urgência de um hospital desabou e implicou a mudança de cerca de 160 doentes para outras unidades. Este hospital ficou também sem ar condicionado, estando a funcionar com recurso a geradores.
Também durante a madrugada, pelo menos 18 pessoas desapareceram, na sequência do naufrágio de uma embarcação que transportava migrantes cubanos, perto do arquipélago de Keys, no sudoeste da Florida. Para já foram encontrados nove sobreviventes, disse a Guarda Costeira norte-americana que patrulha a fronteira dos EUA.
This is why @TampaPD says everyone should stay home unless travel is absolutely necessary! pic.twitter.com/IQnzgPlJ16
— FOX 13 Tampa Bay (@FOX13News) September 29, 2022
O governador da Florida, Ron DeSantis, declarou o estado de emergência e havia mobilizado cinco mil soldados da Guarda Nacional do estado, com outros dois mil de prontidão nos estados vizinhos.
Mais de 700 resgates confirmados ocorreram e certamente haverá muitos mais quando mais dados chegarem”, disse DeSantis.
Segundo a agência de notação Fitch Ratings, o furacão Ian terá causado danos materiais entre 30 mil milhões e 50 mil milhões de dólares (30,6 mil milhões e 51 mil milhões de euros).
Joe Biden declara emergência para a Florida por causa da tempestade Ian
O Presidente dos EUA, Joe Biden, também declarou o estado de emergência, autorizando o Departamento de Segurança Interna e a Agência Federal de Gestão de Emergências a coordenar o socorro a desastres e fornecer assistência para proteger vidas e propriedade.
Na noite de quinta-feira, mais de 2,3 milhões de habitações ou empresas estavam sem energia elétrica, segundo o site especializado PowerOutage.
Após perder força ao atravessar a Florida, tornando-se uma tempestade tropical, Ian tornou-se novamente um furacão nas águas do Atlântico e dirige-se atualmente aos estados da Geórgia, Carolina do Norte e Carolina do Sul, onde são esperadas inundações, tempestades e ventos fortes.
O furacão já tinha causado três mortes ao passar por Cuba, onde provocou a falha total da rede elétrica.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) disse que Cuba sofreu “impactos significativos” de tempestades e ventos sustentados de 205 quilómetros por hora.