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Vladimir Putin e os líderes separatistas das regiões de Donetsk e Lugansk, Zaporíjia e Kherson assinaram esta sexta-feira os tratados que marcam o pontapé de saída da anexação pela Rússia destes pontos da Ucrânia. Num discurso de quase 40 minutos, Vladimir Putin endureceu as críticas aos países ocidentais, acusando as nações deste ponto do globo de quererem o regresso do imperialismo e interessadas em ter “vassalos”.

O extenso discurso, que incluiu até um minuto de silêncio em “memória dos heróis”, ficou marcado por sérias acusações às forças ocidentais, especialmente aos Estados Unidos.

De acordo com um porta-voz do Kremlin, não há nesta altura intenção de Vladimir Putin de visitar as regiões anexadas. Veja um resumo dos principais pontos.

“Os cidadãos das regiões são agora russos. [Regiões] são parte da Rússia e ponto final”

Vladimir Putin começou o discurso com afirmações de que os cidadãos das regiões de Donetsk e Lugansk, Zaporíjia e Kherson são a partir de agora territórios russos: “Devem imediatamente por fim ao conflito e à guerra que começaram em 2014 e voltar às conversações. Estamos prontos para conversações, mas não vamos falar do destino dessas regiões. São Rússia e ponto final. Devem respeitar a vontade do povo. Essa é a via para a paz”.

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Vamos defender as regiões com todos os meios ao nosso alcance. Vamos reconstruir as escolas, vilas e cidades que foram destruídas. Vamos reconstruir fábricas, renovar infraestruturas e hospitais. E vamos fazer aumentar a segurança dessas regiões”, prometeu Vladimir Putin.

“Elites ocidentais” são um exemplo de imperialismo e querem “vassalos”

O Presidente da Rússia insistiu novamente e em vários pontos do discurso que o Ocidente falhou a uma promessa de não alargar a presença da NATO para a proximidade da Rússia. Os ocidentais “querem um mundo que viva sobre regras, mas quem sabe que regras são essas?”, questionou Putin: “Isso é feito para idiotas”.

O Presidente da Rússia diz que o país se recusa a viver sobre essas normas e deixou acusações de que não é responsável por destruir o princípio da inviolabilidade das fronteiras: “Quem lhes deu esse direito? Por isso é que ficam muito zangados quando, na Crimeia e noutras regiões, as pessoas tomam decisões”. “Querem vassalos”, atirou o principal rosto da Rússia.

“As elites ocidentais continuam a ser imperialistas e a dividir povos em primeira e segunda categorias”, continua Putin, acusando o ocidente de uma “forma de racismo”: a russofobia.

“O nosso desenvolvimento e o nosso bem-estar faz-lhe mal”

Putin afirmou que o Ocidente deixou cair a máscara e mostrou o seu verdadeiro sentido: “Queria que a Rússia obedecesse às suas ordens e pensava que teria enfraquecido.”

Vladimir Putin continua a afirmar que o Ocidente tenta condenar o povo russo à miséria e à fome, galopando a teoria da russofobia. “Não admitem que há no mundo um país tão grande e tão forte que não vai viver segundo a vontade dos outros. Querem manter o sistema neocolonial para continuar a pilhar o mundo com o dólar”.

“Estão contra novas moedas, contra novas tecnologia dos países independentes”, acusa o Presidente da Rússia. Putin acusa alguns Estados de viver à mercê dos Estados Unidos, que por sua vez “deixa apenas ruína” à sua passagem: “Para eles só importa receber os seus lucros”.

“Esta é a razão da guerra híbrida que o ocidente lançou sobre a Rússia”: “Eles não querem pessoas livres, querem pessoas submissas. Por isso, atacam os nossos filósofos e a nossa cultura, o nosso desenvolvimento e o nosso bem-estar faz-lhes mal”.

“Os europeus têm de usar roupa mais quente em casa”

Vladimir Putin acusou os Estados Unidos de terem bombardeado os gasodutos de Nord Stream, que asseguram o fluxo de gás natural da Rússia para o resto da Europa. “O ditado dos Estados Unidos baseia-se na força nua e crua. Pode estar coberto por alguma coisa, mas a essência é essa.”

Os Estados Unidos “começaram uma guerra relâmpago contra a Rússia”, acusou o líder russo. “A maioria dos Estados recusa isso e quer várias formas de cooperação com a Rússia. Os Estados ocidentais não estavam à espera. Eles querem conseguir os seus objetivos com suborno. Ficaram no passado e querem ser exclusivos”.

Vladimir Putin afirma que há falta de informação no ocidente: “Quanto mais forte a mentira, mais rápido se espalha”. “A insuflada capitalização não aquece ninguém, por isso na Europa é preciso convencer os cidadãos europeus de que devem utilizar roupa mais quente em causa. Claro que a Rússia é culpada de todos esses males”, aponta.

“Os países ocidentais não querem soluções para a alimentação e setor energético”

Os países ocidentais não querem soluções para a alimentação e para o setor energético, afirmou o líder russo. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia tem tido sérias consequências a nível energético, impulsionando a subida de preços da energia e gerando receios sobre a disponibilidade de energia no inverno. Os efeitos na alimentação também são visíveis: com a Ucrânia a ser conhecida como “o celeiro da Europa”, o início da invasão marcou um bloqueio nas exportações de cereais a partir dos portos de Odessa. Só no verão, quando foi assinado um acordo, através das Nações Unidas, é que foram retomadas as exportações de cereais, aliviando alguma da pressão alimentar.

“Mesmo antes desta operação especial já era assim”, continua: “Querem prosseguir com as suas receitas habituais. O ocidente entrou com a I Guerra Mundial no século XX, depois veio a Grande Depressão para impor o dólar como moeda mundial, houve outras crises. Mas o ocidente ultrapassou-as com a divisão da União Soviética. Querem, tudo por tudo, destruir a Rússia e roubar riquezas alheias para tapar os seus buracos financeiros”. “Podem levar o seu sistema até ao colapso e poderão utilizar uma fórmula”, avisou Vladimir Putin.

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