O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, considerou esta sexta-feira que o artigo do ex-presidente da República Cavaco Silva, publicado no jornal Público, é “muito importante”, convergindo na crítica de que o primeiro-ministro tem mostrado “falta de autoridade”.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Miranda Sarmento reagiu ao artigo de Aníbal Cavaco Silva, esta sexta-feira publicado no jornal Público, em que o ex-presidente da República acusa o Governo de “imobilismo”, de estar “desorientado” e de não ter “vontade reformista”.

Na leitura do líder parlamentar do PSD, o artigo em questão “é muito importante para que o país possa refletir sobre ele” e “lança alertas sobre a condução da governação e sobre o futuro do país”.

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Distinguindo os dois eixos, Miranda Sarmento começou por destacar que, no que se refere ao futuro do país, Cavaco Silva aponta “a falta de reformas estruturais que impedem que o país cresça do ponto de vista económico e que possa recuperar posições que, entretanto, se vieram afundando, quase caminhando para o último lugar do ponto de vista da tabela dos 27″.

O professor Cavaco Silva volta a fazer um alerta que é preciso que o Governo tome reformas estruturais para aumentar a competitividade e a produtividade da economia portuguesa”, frisou.

Quanto à condução da governação, o líder parlamentar social-democrata realçou que Cavaco Silva “lança alertas de que é preciso que o Governo se coordene, que o Governo assuma um rumo e que o Governo, de facto, inicie uma governação sem casos, sem descoordenação e com uma orientação política bem definida“.

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Questionado se, à semelhança de Cavaco Silva, o PSD também considera que o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, devia ter sido demitido, Miranda Sarmento sublinhou que o ex-chefe de Estado “enumerou um conjunto de exemplos para mostrar aquilo que tem sido a falta de autoridade e a falta de orientação do primeiro-ministro”.

A condução do Governo e a condução da política pertence ao senhor primeiro-ministro. E, portanto, os casos vão surgindo, mas quem está a faltar na autoridade e quem está a faltar no rumo e na coordenação é o senhor primeiro-ministro”, acusou.

Interrogado se, dada a periodicidade das intervenções públicas de Cavaco Silva, o ex-chefe de Estado não está a “tirar espaço à oposição”, Miranda Sarmento respondeu: “Pelo contrário”.

A experiência extraordinária que o professor Cavaco Silva tem, quer do ponto de vista académico, quer do ponto de vista político — foi ministro das Finanças, primeiro-ministro durante dez anos e Presidente da República —, são uma voz do país para nos alertar dos problemas estruturais que o país tem“, defendeu.

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Miranda Sarmento reiterou que o artigo de Cavaco Silva alerta também para “a má governação” que o país tem tido “nos últimos sete anos e, em particular, nestes últimos seis meses, em que se esperaria que um Governo de maioria absoluta tivesse outro rumo e outra coordenação que, infelizmente, não está a ter”.

Nestas declarações aos jornalistas, Miranda Sarmento foi ainda questionado sobre a taxa de inflação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) que, segundo dados esta sexta-feira divulgados pelo INE, terá aumentado para 9,3% em setembro, face aos 8,9% em agosto.

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No entender do líder parlamentar social-democrata, os dados mostram que o país continua a ter um “problema grave de inflação, para o qual o PSD vem alertando desde o início do ano, e muito antes até do início da guerra na Ucrânia“.

“É importante que o Governo use os instrumentos que tem para apoiar, por um lado, as famílias de menores rendimentos, mas também a classe média, porque as famílias estão, como eu tenho dito, sob uma dupla tenaz: por um lado, a inflação com o aumento dos preços dos bens e serviços; por outro lado, (…) a subida das taxas de juro e a subida das prestações dos créditos à habitação”, referiu.