O BPI investiu um valor “bastante considerável” para se tornar o primeiro banco em Portugal a lançar um “balcão” em realidade virtual que marca o primeiro passo da instituição no Metaverso, o mundo virtual onde grandes empresas estão a investir biliões apostando que será a próxima grande evolução da internet. O BPI VR foi desenvolvido em parceria com a Unity, de longe a maior empresa mundial de produção de plataformas deste género, e já a partir desta quarta-feira quem tiver os óculos da Meta (do grupo Facebook) pode fazer o dowload da aplicação e aceder ao balcão virtual – quem não tiver esses dispositivos vai poder experimentar nos balcões físicos, que gradualmente vão passar a receber estes óculos de realidade virtual para os clientes poderem conhecer.
Num encontro com jornalistas em Lisboa, esta terça-feira, Francisco Barbeira, administrador executivo do BPI, disse que a aposta é feita porque o BPI “acredita que a forma como experienciamos as plataformas digitais será muito mais imersiva no futuro, e, dessa forma, queremos ser pioneiros numa nova forma interagir com os nossos clientes”. “No futuro, acreditamos que se possa tornar uma verdadeira plataforma
de banca digital”, acrescentou.
Afonso Eça, diretor executivo responsável pela área de inovação, complementou dizendo que “o Metaverso é um fenómeno que pode vir a revolucionar a nossa vida digital e física, da mesma forma que os smartphones, as apps e o wifi o fizeram na década anterior”.
Não é possível saber quantas pessoas em Portugal têm os óculos da Meta com que se poderá aceder à BPI VR, mas estima-se que serão “largos milhares“. A tecnologia está a ser criada de forma a que possa vir a ser transposta para outros dispositivos concorrentes, incluindo para os óculos VR da Sony Playstation – já que a empresa japonesa está a dar sinais de querer juntar-se aos canais open source (Android) e, assim, dar mais opções aos utilizadores desses óculos VR além dos jogos e aplicações exclusivas da marca.
“Com o crescimento do número de utilizadores e a maior acessibilidade, as tecnologias VR [realidade virtual] e AR [realidade aumentada] podem vir a impor-se como um novo canal de distribuição e meio de interação com os clientes”, afirmou o responsável, acrescentando que a aposta faz sentido porque “enquanto intermediário financeiro [o BPI] quer manter-se relevante para os clientes” e um banco “como o BPI tem de estar presente nestas plataformas para entender como nos vamos posicionar no futuro”.
O “balcão” virtual, construído em 3D, permite ao utilizador conhecer a oferta do banco em várias áreas de negócio (retalho, private, corporate, AGE e sustentabilidade). Nos dois “pisos” do balcão é possível, também, fazer simuladores de poupança, crédito habitação e crédito pessoal, e “manusear” alguns dos produtos de “prestígio” que o banco comercializa, como garrafas de vinho ou relógios. Há, até, um jogo virtual de
mini-golfe.
Não é possível ainda, porém, o cliente registar-se (como num homebanking) para fazer operações ou transações, nem encontrar-se virtualmente com o seu gestor de conta – mas o banco dá a entender que essas são funcionalidades a acrescentar a breve trecho. O BPI não revela quanto investiu no BPI VR, limitando-se a dizer que foi “um valor bastante considerável” que cai dentro dos orçamentos de inovação do banco.
O BPI VR é o primeiro produto lançado pelo Centro de Excelência para a Inovação e Novos Negócios do BPI, que o BPI criou este ano e para o qual contratou Afonso Eça, fundador da Raize. Esse centro “tem como missão apoiar o desenho de uma visão de futuro do BPI, identificando tendências relevantes no sector financeiro e novas oportunidades de geração de valor” e apostou, primeiro, no balcão em realidade virtual por ser uma solução “mais abrangente”, nesta fase, do que a aposta nos “mundos virtuais” que existem no chamado Metaverso.