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A ponte de Kerch, que liga a península da Crimeia à Rússia, era o “milagre” de Putin e um dos maiores símbolos da ocupação da Ucrânia. Após a explosão no início de outubro, torna-se agora a face do mais recente selo dos serviços postais ucranianos.

O “milagre” de Putin explodiu. Como a Rússia viu arder um dos maiores símbolos da ocupação da Ucrânia

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Depois do selo que homenageava os soldados ucranianos da Ilha da Serpente que foram atacados por russos, esta sexta-feira, o serviço postal estatal Ukrposhta lançou o selo “Ponte da Crimeia”, dedicado à explosão que destruiu parte da infraestrutura russa na madrugada do dia oito de outubro. A data do lançamento não foi por acaso e coincidiu com a celebração do Dia da Unidade Nacional na Rússia.

“Na Ukrposhta gostamos de dar presentes. É por isso que, para comemorar os oito anos, oito meses e oito dias da luta contra a ocupação, congratulamos a Rússia no seu dia da Unidade Nacional com o lançamento do selo da Ponte da Crimeia“, escreveu no Twitter Ihor Smelianskyi, dirigente do serviço postal ucraniano.

Segundo o The Guardian, o selo é da autoria do artista ucraniano Yuriy Shapoval. O desenho mostra a ponte de Kerch parcialmente destruída entre nuvens de fumo densas. Em primeiro plano foi retratada a icónica cena do filme Titanic (1997) entre Jack e Rose – interpretados por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet – na proa do navio. Na imagem, o casal surge à beira da ponte danificada.

“A nossa ponte permanece firme, a ponte deles [russos] está tão cansada como a sua ideologia”, acrescentou Smelianskyi numa outra publicação. Os comentários são uma referências à notícia de que a ponte de Stoianka, em Kiev, foi reaberta.

Esta sexta-feira, o ministro das Infraestruturas da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, divulgou que a circulação regressou à Stoianka, uma das pontes “mais críticas” de Kiev. Segundo Kubrakov, a infraestrutura foi importante para impedir “os planos russos de tomar Kiev em três dias”.

Com dezanove quilómetros de comprimento e maior em altura do que a Estátua da Liberdade, a ponte de Kerch foi inaugurada em maio de 2018 pelo próprio Presidente russo, que abriu a circulação no tabuleiro para carros conduzindo um camião. “Em diferentes épocas históricas, mesmo na época do czarismo, houve quem sonhasse construir esta ponte. Depois voltaram à ideia nos anos 1930, 1940, 1950. E agora, graças ao vosso trabalho e ao vosso talento, o milagre aconteceu”, afirmava Putin na altura. Assim, a península ucraniana da Crimeia, anexada em 2014, ficava oficialmente ligada à Rússia.

A ponte, também conhecida por Ponte da Crimeia, é considerada uma rota importante de abastecimento logístico para as forças russas na península e no sul da Ucrânia ocupada.

Uma enorme explosão atingiu a ponte no mês passado, num ato que o Kremlin descreveu como um “ataque terrorista” dos serviços especiais ucranianos. De Kiev não chegou, até agora, nenhuma reivindicação, mas o caso gerou uma onda de celebrações nas redes sociais, incluindo de altos responsáveis do Governo ucraniano.

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Esta quinta-feira, as autoridades russas revelaram que no dia 20 de dezembro a ponte será totalmente reaberta ao tráfego. Atualmente, o transporte de passageiros e mercadorias nos dois sentidos é realizado apenas pelas faixas da margem esquerda.