Representantes do Governo e do setor privado deslocam-se na próxima semana à Índia para debater formas de prevenir redes de tráfico como a que foi desmantelada esta semana, disse fonte Organização Internacional das Migrações, que integra a delegação.

Em declarações à Lusa, o chefe da missão da Organização Internacional para as Migrações em Portugal, Vasco Malta, explicou lembrou que o país já celebrou um acordo bilateral de migração laboral com Marrocos, outro, via Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com Cabo Verde, e um terceiro com a Índia.

Agora, a OIM em Portugal desloca-se à Índia com representantes do Ministério do Trabalho, do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e dos setores privados das áreas do turismo e da agricultura, identificados como aqueles com maiores necessidades do ponto de vista laboral, para debater formas de prevenir redes como a que foi desmantelada esta semana no Alentejo.

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A deslocação segue-se a outras que já foram feitas a Marrocos e Cabo Verde. “Estas nossas viagens permitem primeiro perceber quais são as prioridades dos Estados no que respeita à mobilidade das pessoas, perceber como é que estes países têm vindo a implementar esquemas de mobilidade com outros países e com isso tirarmos lições aprendidas do que está a correr bem”, frisou. Mas também servem para entender qual o papel de cada instituição pública e privada no processo da mobilidade internacional, para que sejam envolvidas no processo, acrescentou.

“Há um trabalho a jusante no âmbito do processo, que nós fazemos cá na área do recrutamento ético, que é garantir que as empresas que recorrem a este tipo de mobilidade têm em conta uma série de aspetos que são absolutamente fundamentais, não só o pagamento do salário, mas também nas condições que as pessoas podem encontrar quando se deslocam para este país”.

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Relembrando dados de 2022, Vasco Malta destacou que “a Índia neste momento está em quinto lugar (…) o que significa que tem havido um reforço significativo da população migrante da Índia” para Portugal.

A Polícia Judiciária (PJ) deteve na quarta-feira 35 pessoas pertencentes a uma rede criminosa que contratava trabalhadores estrangeiros para agricultura no Baixo Alentejo, confirmou então à Lusa fonte policial. A rede era formada por estrangeiros, nomeadamente famílias romenas, e alguns portugueses que lhes davam apoio.

“As várias dezenas de vítimas de nacionalidades romena, moldava, marroquina, paquistanesa e senegalesa eram contratadas para explorações agrícolas em Beja, Cuba e Ferreira do Alentejo entre outros locais”, avançou. Esta investigação da PJ começou há cerca de um ano e teve como foco a angariação por aquela rede criminosa de trabalhadores estrangeiros com a promessa de emprego e habitação.