A Procuradoria-Geral da República (PGR) já abriu 260 inquéritos no âmbito de uma investigação a um alegado esquema fraudulento com plantas de canábis associado à Sociedade Juicy Fields, sediada nos Países Baixos. De acordo com o Público, as queixas começaram a chegar ao Ministério Público e aos órgãos policiais em junho, quando os investidores deixaram de ter acesso ao site da empresa. O caso está em segredo de justiça e a PGR não esclarece se já foram constituídos arguidos neste caso.

Os investidores julgavam ter comprado plantas de canábis que seriam posteriormente vendidas à indústria farmacêutica para produção de medicamentos — um negócio que prometia lucros de até 66%. Um dos lesados entrevistados pelo Público injetou 18 mil euros na empresa e chegou a obter lucro, mas investia o dinheiro em vez de o levantar. As autoridades desconfiam que as plantas nunca chegaram a existir e que este é um caso de “atividade criminosa de natureza económico-financeira”.

Há uma empresa portuguesa envolvida no caso: a Sabores Púrpura, que gere estufas para produção de plantas de canábis medicinal em Portugal e que surgia no site da Sociedade Juicy Fields como uma parceira. Sofia Ferreira, diretora executiva da empresa portuguesa, afirma ao Público que o vínculo com a companhia holandesa era um contrato de intermediação: a Juicy Fields cobrava comissões à Sabores Púrpura por compradores que arranjasse para a canábis produzida pela companhia portuguesa. Mas desde março de 2022 que não há contacto entre as duas empresas.

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O despacho de Lucília Gago, procuradora-geral da República, aponta que o esquema terá sido desenvolvido “com recurso a tecnologia informática”, tem “dispersão territorial nacional” e “dimensão internacional”, cita o Público. A investigação é de “especial complexidade, desde logo pelo elevado número de vítimas e das previsíveis exigências e dificuldades investigatórias que decorrem da natureza e características daquela atividade”.

Cinquenta e dois (52) dos queixosos portugueses juntaram-se a outros 748 lesados de outras nacionalidades e estão a ser representados pelo advogado sueco Lars Olofsson. Em declarações ao Público, o advogado aponta que só os clientes portugueses perderam sete milhões de euros em investimentos na Sociedade Juicy Fields. Na totalidade, os 800 clientes de Lars Olofsson “terão perdido cerca de 27 milhões de euros”. O advogado tem uma equipa de 12 pessoas a trabalhar no caso há quatro meses.

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