A filial da Toyota no Reino Unido candidatou-se e conseguiu a aprovação por parte do Centro de Propulsão Avançada (APC, na sigla em inglês) para levar a cabo o desenvolvimento de um protótipo da pick-up Hilux movido a célula de combustível (fuel cell) a hidrogénio, cujos custos de desenvolvimento serão suportados pelo Governo britânico.

A marca nipónica é das que mais acredita (e investe) no desenvolvimento das pilhas de combustível. A prova disso é que, mesmo após o baixo número de vendas do Mirai de primeira geração – que, certamente, não cobriu o investimento em pesquisa e desenvolvimento –, a Toyota manteve o rumo e introduziu um novo Mirai, muito mais evoluído do ponto de vista tecnológico. Têm sido várias as ocasiões em que o fabricante japonês defende a importância de não desistir das fuel cells, apesar dos entraves a esta tecnologia, nomeadamente a necessidade de uma rede de abastecimento de hidrogénio – algo que, em Portugal, ainda não existe.

Toyota não espera mais e avança com Mirai a fuel cell de hidrogénio

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Recorrer a fuel cells a hidrogénio para produzir a bordo a electricidade que acciona o motor eléctrico é, pelo menos no plano teórico, uma das alternativas mais promissoras para acabar com as limitações dos veículos exclusivamente alimentados a bateria (BEV). Justamente porque se prescinde de um volumoso pack de células e, assim, eliminam-se três dos principais óbices dos BEV: de uma assentada, resolver-se-ia o problema do peso dos acumuladores, a autonomia limitada e o tempo (perdido) a recarregar. Isto porque o abastecimento dos tanques de hidrogénio processa-se muito mais depressa (o equivalente a atestar o depósito de gasóleo ou de gasolina), permitindo percorrer distâncias superiores às que actualmente são conseguidas pelos melhores BEV no mercado. Basta recordar que o novo Mirai, de que já aqui falámos em detalhe, anuncia 650 km de autonomia entre idas à bomba.

Toyota Mirai bate recorde de autonomia: 1360 km

Face a este rol de vantagens, há determinados tipos de veículos que sairiam claramente beneficiados se fosse viável movê-los a pilha de combustível. Os pesados claramente, mas também as pick-ups, dado que são maioritariamente utilizadas como veículos de trabalho para aceder a regiões onde potencialmente não abundarão os postos de carga. E mesmo quando são eleitas como parceiras para as actividades de lazer, habitualmente destinam-se a assegurar deslocações no terreno da aventura. Onde, mais uma vez, encontrar postos de carga pode ser uma hipótese remota.

O esquema de propulsão da Hilux a hidrogénio

Por tudo isto, por o Reino Unido ser um importante mercado para a Toyota e por aí as pick-ups representarem uma importante fatia das vendas, o construtor nipónico saúda o apoio governamental para transformar uma Hilux num veículo eléctrico a fuel cell (FCEV). “Este financiamento representa uma tremenda oportunidade para que seja desenvolvida uma solução de emissões zero num segmento de mercado crítico”, destaca o presidente e CEO da Toyota Motor Europe (TME), Matt Harrison.

O projecto já está numa fase em que a Hilux que recorre a componentes da pilha de combustível de segunda geração da Toyota (os mesmos do novo Mirai) superou os testes de desempenho, pelo que o passo seguinte é avançar para a produção de algumas unidades. O fabrico dos protótipos da pick-up a fuel cell, bem como todo o trabalho de desenvolvimento vai ser capitaneado pela Toyota UK. Sempre com o suporte técnico da equipa de Pesquisa e Desenvolvimento da TME e com o apoio de quatro parceiros, nomeadamente a consultora Ricardo, a European Thermodynamics, o grupo empresarial D2H e a Thatcham Research. A primeira providenciará suporte técnico, a segunda soluções de gestão térmica, a terceira o contributo em matéria de termodinâmica, enquanto a Thatcham tratará das questões relacionadas com a segurança.