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A Rússia rejeitou esta quarta-feira a possibilidade de um cessar-fogo no período do Natal ou do Ano Novo em resposta a declarações do Presidente ucraniano feitas esta semana.

Volodymyr Zelensky tinha instado Moscovo a começar a retirada de tropas durante o Natal, numa altura em que se assinalam os 10 meses desde o início do conflito, num primeiro passo rumo a uma resolução pacífica do conflito.

Questionado pelos jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov, colocou esse cenário de parte: “Não, nenhuma proposta foi feita nesse sentido por nenhuma das partes. É um assunto que não está na agenda”, afirmou em declarações citadas pela Reuters.

Esta posição manifestada por Peskov vai no mesmo sentido da que assumiu na terça-feira, na qual considerou que qualquer resolução do conflito deve passar por uma aceitação da parte de Kiev da nova “realidade”.

Kremlin recusa proposta de “três passos” de Zelensky para acordo de paz

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“Existem realidades que ocorreram devido à política seguida pela liderança ucraniana e pelo atual regime ucraniano nos últimos 15 a 20 anos”, referiu o porta-voz.

“Essas realidades indicam que a Rússia tem novos integrantes que surgiram como resultado de referendos nesses territórios. Sem levar em conta essas realidades é impossível fazer progressos”, argumentou, referindo-se à decisão de Moscovo de anexar em setembro as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, parcialmente ocupadas como parte da invasão russa da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro.

Peskov indicou que a principal tarefa das Forças Armadas russas é “proteger” as populações das áreas ocupadas e reconheceu como “difícil” a situação na região de Donetsk (no leste da Ucrânia).

“A operação militar especial continua”, acrescentou o porta-voz, usando os termos utilizados pelas autoridades russas para caracterizar a invasão iniciada a 24 de fevereiro por ordem do Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Em resposta a estas declarações, o conselheiro do Presidente ucraniano, Mykhailo Podolyak, rebateu esta quarta-feira Peskov no Twitter, referindo-se às regiões anexadas como “territórios roubados” pela Federação Russa.

A Rússia tem descartado a retirada das forças armadas da Ucrânia, prometendo continuar a lutar.

Ainda esta quarta-feira, um alto funcionário da ocupação russa no leste da Ucrânia, Denis Pushilin, chegou a garantir, em entrevista à agência de notícias Ria Novosti, que pretende “libertar Odessa e Cherniguiv”, duas cidades ucranianas localizadas respetivamente no sul e no norte, longe da atual linha da frente.

Questionado sobre essas declarações, Dmitri Peskov desdramatizou-as, sublinhando que a prioridade é “proteger as pessoas das regiões de Lugansk e Donetsk”, no leste da Ucrânia.

Mísseis Patriot na Ucrânia? Tornar-se-ão alvos legítimos das Forças Armadas russas

Por outro lado, o Kremlin garantiu que, se os mísseis Patriot, associados aos sistemas antiaéreos que Kiev pede há vários meses aos Estados Unidos, forem enviados para a Ucrânia, tornar-se-ão “alvos legítimos” das Forças Armadas russas.

“Absolutamente”, disse Peskov quando questionado se concorda com as declarações do vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, que, no final de novembro, disse que os mísseis Patriot, caso chegassem à Ucrânia, tornar-se-iam “imediatamente um alvo legítimo das Forças Armadas” russas.

Peskov observou que, para já, se abstém de fazer mais comentários, porque, por enquanto, a possibilidade de os Estados Unidos fornecerem sistemas antiaéreos Patriot à Ucrânia só foi relatada na imprensa sem confirmação oficial de Washington.

Segundo reportou na terça-feira a cadeia de televisão norte-americana CNN, a administração dos Estados Unidos, liderada pelo Presidente Joe Biden, está a finalizar os preparativos para enviar os mísseis Patriot para a Ucrânia, adiantando que a confirmação oficial pode ocorrer ainda na semana em curso.

A Ucrânia pediu aos Estados Unidos este sistema de defesa antiaérea e de ataque, capaz de intercetar mísseis balísticos e de cruzeiro, dada a intensificação dos bombardeamentos russos, que têm destruído infraestruturas essenciais ucranianas, nomeadamente centrais elétricas.

Desconhece-se, porém, a quantidade de baterias antiaéreas a enviar para a Ucrânia.

Uma bateria inclui normalmente um radar, que deteta e rastreia o alvo, computadores, geradores e uma estação de controlo, além de oito pequenos lançadores com quatro mísseis prontos para disparar.

Esta quarta-feira, o porta-voz do Kremlin também se recusou a adiantar uma data para a tradicional conferência de imprensa anual de Vladimir Putin, que foi adiada para 2023.

O Presidente russo adiou a habitual conferência de imprensa anual sem explicações, num momento em que Moscovo tem sofrido alguns reveses na campanha militar na Ucrânia.

Notícia atualizada às 15h06 com a informação sobre os mísseis Patriot