A inflação desceu ligeiramente de outubro para novembro, espera-se que volte a cair em dezembro, mas deverá atingir o pico já no início do próximo ano. Em entrevista à RTP, Mário Centeno explicou que, nos meses de janeiro e fevereiro, Portugal deverá atingir o pico da inflação.
“A inflação, em outubro, ultrapassou os 10% na área do Euro. Em novembro caiu ligeiramente, que são as primeiras boas notícias. É expectável que em dezembro volte a cair. Depois, em janeiro e fevereiro, alguns efeitos muito característicos de atualizações de contratos — que normalmente são feitos olhando para trás, usando a inflação passada –, podem levar a inflação a subir ligeiramente”, explicou o governador do Banco de Portugal. E acrescentou: “É a partir desse momento que toda a política monetária se tornará mais previsível, que o BCE pode, com mais proximidade, tomar decisões que são mais previsíveis e isso é o que mais precisamos neste momento”.
Referindo várias vezes que “é possível” que a inflação volte a subir já em janeiro de 2023, Mário Centeno explicou, no entanto, que a diminuição da inflação entre os meses de outubro e novembro “foi precisamente verificada pela componente energética, ainda que esteja muito elevada neste momento”.
Tendo em conta este cenário, que é de previsibilidade — sem grandes alterações provocadas pela guerra na Ucrânia — a taxa de referência do Banco Central Europeu (taxas de juro) não deverá ir além dos 3,5%. “Depois, devemos esperar esperar que, a partir de determinado momento, esta taxa vá convergindo para os 2%”, acrescentou Centeno.
Mário Centeno falou ainda sobre o livro “O Governador”, que é um testemunho de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal entre 2010 e 2020. No livro lançado em novembro, é indicado que Centeno — que era ministro das Finanças na altura em que surgiram os problemas no Banif — esteve vários dias a negociar a venda do Banif com o Santander, sem que Carlos Costa tivesse sido informado. “Isso, ou é uma calúnia, ou é um disparate. Como estamos perto do Natal, vamos só dizer que é um disparate”, disse Centeno à RTP. “Tudo o que está escrito nesses dois parágrafos é falso”, acrescentou.