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A nova vaga de ataques russos com mísseis cruzeiro e drones marcou o 309.º dia de guerra na Ucrânia. Uma boa parte dos mísseis foram intercetados pelos sistemas de defesa aérea da Ucrânia, mas ainda assim foram causados danos nas infraestruturas do país.

Os bombardeamentos provocaram “danos significativos” na rede elétrica nacional, que tem sido um dos principais alvos dos ataques russos nos últimos meses. As principais zonas afetadas foram a capital (Kiev), Lviv, Odessa, Kherson, Vinnytsia e Zakarpattia.

O último balanço das autoridades ucranianas referia que no total foram atingidas dez regiões, registadas duas mortes e contabilizados sete feridos, incluindo uma criança.

Durante esta quinta-feira também esteve no centro das atenções a queda de um míssil em território da Bielorrússia, país que é visto como um aliado da Rússia.

O incidente ocorreu entre as “10 e as 11 horas” locais, menos duas horas em Lisboa, janela temporal que correspondeu ao horário em que a Rússia disparou mísseis sobre a Ucrânia. O Ministério da Defesa da Bielorrússia indicou que os destroços pertenciam a um míssil guiado S-300, disparado a partir de território ucraniano.

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O que se passou durante a manhã?

  • A manhã começou com um aviso de mísseis a caminho da Ucrânia. Nas redes sociais, o conselheiro de Zelensky alertar para 100 mísseis a caminho do país, elevando depois para 120. Os mísseis foram detetados a sobrevoar cidades como Kiev, Lviv, Kharkiv, Odessa, Zhytomyr, Sumy e Mykolaiv. A população foi aconselhada a refugiar-se em abrigos.
  • Vários dos mísseis foram intercetados pelos sistemas de defesa aérea, mas mesmo assim foram registados danos em habitações e na infraestrutura de energia da Ucrânia.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, classificou o ataque da Rússia como “bárbaro e sem sentido”. E deixou um recado a quem se afirma como neutro. “Não pode haver ‘neutralidade’ perante crimes de guerra deste tipo. Fingir que se é ‘neutro’ é estar do lado da Rússia.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, deu uma nova entrevista a um meio russo. Em declarações à agência RIA, voltou a frisar que o Kremlin rejeita a proposta de paz de Kiev. A Ucrânia “não está pronta para o diálogo”, sublinhou.

O que se passou durante a tarde?

  • O Ministério da Defesa da Bielorrússia revelou que o míssil foi abatido perto da localidade de Harbacha, na região de Brest, a cerca de 15 quilómetros de distância da fronteira com a Ucrânia. O comunicado não dava mais informações sobre danos ou possíveis feridos neste incidente. O Ministério da Defesa da Ucrânia já reagiu e garantiu que o país está pronto para investigar míssil que entrou no espaço aéreo bielorrusso.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso revelou que convocou o embaixador ucraniano para discutir o que descreveu como um caso “extremamente sério”. Já o comissário militar da região de Brest, Oleg Konovalov, desvalorizou a situação, garantindo que não há motivos para preocupações. “Estas coisas acontecem”, cita a imprensa regional.
  • Roman Busargin, governador regional russo, revelou que os sistemas de defesa antiaéreos destruíram um drone perto da base aérea de Engels. Esta foi a terceira vez que as autoridades russas denunciam um ataque à base aérea, na região de Saratov, localizada a 600 quilómetros da fronteira com a Ucrânia e a mais de 700 quilómetros de Moscovo.
  • A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse que a exigência ucraniana de expulsar a Rússia do Conselho de Segurança da ONU não tem nenhuma base na lei internacional ou na realidade. Numa conferência de imprensa, Maria Zakharova acusou a Ucrânia de usar uma “lógica distorcida” ao afirmar que a Rússia não pode ser membro por não ter cumprido o procedimento legal exigido.

O que se passou durante a noite?

  • O Presidente russo anunciou que serão construidos quatro novos submarinos nucleares num futuro próximo, como parte do atual programa de armamento. Estas adições, afirmou, vão “garantir a segurança da Rússia nas próximas décadas”.
  • O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) realizou novas buscas na Igreja Ortodoxa ucraniana em Khmelnitsky (oeste), pelo seu alegado apoio à Rússia. “Tendo em conta a agressão armada da Rússia, uma das tarefas destas medidas é impedir a utilização das comunidades religiosas como centros da chamada ‘paz russa’ e proteger a população de provocações e atos terroristas”, disse o SBU.
  • O conflito na Ucrânia chegou a um impasse, numa altura em que nem as tropas de Moscovo nem as de Kiev estão a fazer avanços significativos, defendeu o chefe dos serviços secretos ucranianos. Em entrevista à BBC, Kyrylo Budanov afirmou que a situação está “parada”. Descrevendo baixas significativas no seio das forças russas, admitiu que faltam recursos à Ucrânia para avançar em várias áreas.
  • Desde que as autoridades ucranianas retomaram controlo das regiões de Mykolaiv, Donetsk, Kherson e Kharkiv a polícia ucraniana encontrou nesses territórios 1.116 corpos de civis, incluindo o de 31 crianças. Já foram documentados 5.398 crimes de guerra nos territórios ocupados.
  • O Governo da Moldávia anunciou que está a preparar a saída do país da Comunidade de Estados Independentes (CEI), organização criada pela Rússia para manter na sua esfera de influência os ex-países soviéticos, noticia a imprensa moldava.
  • O secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, garantiu que o Reino Unido vai continuar a apoiar a Ucrânia e prometeu o envio de 2,3 mil milhões de libras (cerca de 2,6 mil milhões de euros) no próximo ano.
  • Num dia marcado por uma nova vaga de ataques russos ao território ucraniano, o Presidente Volodymyr Zelensky agradeceu à Força Aérea, que destruiu com sucesso 54 mísseis e 11 drones lançados pela Rússia.