O governo do Irão qualificou esta quarta-feira como “insultuosa” a decisão da revista francesa Charlie Hebdo de abrir um concurso de caricaturas do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, e assegurou não ficará sem resposta.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hosein Amir Abdolahian, advertiu, na sua conta na rede social Twitter, que “o ato insultuoso e indecente de uma publicação francesa de publicar caricaturas contra a autoridade religiosa e política não vai ficar sem uma resposta decisiva e efetiva”.

Depois deste comentário, feito durante a manhã, o embaixador francês em Teerão, Nicolas Roche, foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) iraniano, onde recebeu os protestos do regime.

Em comunicado, o porta-voz do MNE, Naser Kanani, disse que foi transmitido a Roche que “o Irão não aceita os insultos contra as suas santidades e os valores islâmicos, religiosos ou nacionais e que a França não tem direito a justificar os insultos aos valores sagrados de outros países e nações muçulmanas, sob o pretexto da liberdade de expressão”.

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No texto, acrescentou-se que a República Islâmica do Irão responsabiliza o governo francês das consequências de este ato e que “se reserva o direito de responder proporcionalmente”.

O diplomata iraniano avançou ainda que o MNE do Irão apresentou o protesto oficial sobre o caso ao embaixador e que “o Irão está à espera da explicação e da ação compensatória do governo francês como condenação do comportamento inaceitável da revista”.

A Charlie Hebdo recordou no Twitter que lançou, em 8 de dezembro, um concurso de caricaturas do líder iraniano, como símbolo da repressão contra a mulher no Irão, onde decorem desde há meses uma série de protestos.

A publicação satírica, que em 2015 sofreu um atentado que causou 12 mortos depois de ter publicado caricaturas de Maomé, garantiu ter recebido mais de 300 propostas e milhares de ameaças depois de pôr a iniciativa em marcha.

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Os protestos no Irão começaram em meados de setembro, depois da morte, enquanto estava sob custódia policial, de uma jovem, de 22 anos, por levar o véu islâmico mal colocado, segundo a polícia.

No seguimento, pelo menos duas mil pessoas foram acusadas pela justiça iraniana de diversos delitos, pela sua participação nas manifestações, e já há condenações à morte executadas.

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Por outro lado, várias organizações não governamentais adiantaram que mais de 450 pessoas foram mortas nos últimos meses no país, em resultado da repressão contundente das manifestações pela polícia.