O antigo Presidente brasileiro Jair Bolsonaro poderá ficar ilegal nos Estados Unidos, onde se encontra desde o final do ano passado, uma vez que o seu passaporte diplomático perdeu o efeito quando deixou de ser Presidente do Brasil, o que lhe deu 30 dias para abandonar o país.

Bolsonaro saiu do Brasil nos últimos dias de dezembro e já não esteve presente na tomada de posse de Lula da Silva, no dia 1 de janeiro.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, falou em conferência de imprensa sobre a atual situação do Brasil e, embora não tenha falado concretamente sobre a situação de Bolsonaro, explicou os contornos gerais do problema.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre os tumultos em Brasília.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E agora, o Brasil vai normalizar?

Segundo a imprensa brasileira, Price explicou que todas as pessoas que entrem nos EUA com passaportes diplomáticos, como é o caso de Bolsonaro, se deixarem de exercer as funções que legitimam esse passaporte durante a sua estadia nos EUA, têm 30 dias para abandonar voluntariamente o país ou para requerer uma alteração do visto para um que lhe permita ficar nos EUA.

Caso mude o seu visto para um visto de turista, poderá ficar até seis meses nos EUA; para lá desse prazo, só com um visto de trabalho ou de estudo.

Price também confirmou que até agora os EUA não receberam qualquer pedido de informação sobre Bolsonaro por parte do governo brasileiro.

“Lamentável episódio”. Bolsonaro reage aos ataques de domingo e diz que vai antecipar regresso ao Brasil

Ainda internado num hospital em Orlando, na Flórida, o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro diz que “está bem”, que deve receber alta já nos próximos dias e que planeia antecipar o regresso ao país — mas não necessariamente por causa dos incidentes de domingo, em Brasília.

“Este já é o meu terceiro internamento por obstrução intestinal grave. Vim passar um tempo fora com a família. Mas não tive dias calmos. Primeiro, houve este lamentável episódio ontem [domingo] no Brasil e depois este meu internamento no hospital”, disse Bolsonaro à CNN Brasil esta segunda-feira ao início da madrugada.

“Vim para ficar até o final do mês, mas pretendo antecipar minha volta. Porque, no Brasil, os médicos já sabem do meu problema de obstrução intestinal por causa da facada. Aqui, os médicos não me acompanharam”, continuou o ex-Presidente, escusando-se a fazer quaisquer outros comentários sobre os acontecimentos em Brasília.

Recorde-se que segunda-feira, através do Twitter, Jair Bolsonaro reagiu à invasão às sedes de poder na capital brasileira recordando os “atos praticados pela esquerda em 2013 e 2017”, mais do que condenando os acontecimentos do dia anterior.

Ainda à CNN Brasil, Jair Bolsonaro explicou que foi internado justamente na noite de domingo, depois de sentir “dores abdominais” — nessa altura, em Brasília, já decorriam as invasões ao Congresso, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal.

Também no Twitter, Bolsonaro já tinha esta segunda-feira explicado o problema de saúde que o levou a ser novamente internado, agora nos Estados Unidos.

O internamento, segundo o ex-Presidente brasileiro, que se deixou fotografar numa cama de hospital, está relacionado com a facada sofrida em 2018, durante a campanha para as eleições presidenciais daquele ano, e que já o obrigou a ser submetido a cinco operações. Desde a última operação, detalha, por duas vezes teve “aderências” que o levaram a passar por outros procedimentos cirúrgicos.