O secretário pessoal do papa emérito Bento XVI negou esta terça-feira que exista um dossier fantasma sobre o desaparecimento em 1983 de uma jovem de 15 anos e filha de um funcionário do Vaticano, cujo caso foi reaberto.
No livro “Nada mais que a verdade. Minha vida com Bento XVI”, que vai ser publicado na quinta-feira, Georg Gänswein refere que não havia qualquer documento desse tipo entre os papéis roubados por Paolo Gabriele, ex-mordomo de Bento XVI e principal protagonista do caso “Vatileaks 2”, documentos confidenciais que vazaram do Vaticano, escreve o secretário pessoal do papa emérito.
No entanto, considerou que na investigação à jovem desaparecida há 40 anos do Vaticano, Emanuela Orlandi, há “diversas e contraditórias pistas” que nunca a levaram a uma conclusão e insistiu que, ao longo do anos, “se fez todos os possíveis para ajudar a família” da jovem.”
Na segunda-feira, o Vaticano indicou que reabriu a investigação ao desaparecimento de Emanuela Orlandi, meses depois de um novo documentário da Netflix lançar novas suspeitas.
Emanuela Orlandi, filha de um funcionário leigo da Santa Sé, desapareceu a 22 de junho de 1983, depois de ter saído de casa da sua família no Vaticano para ir para a uma aula na escola de música que frequentava em Roma.
Desde então várias têm sido as histórias avançadas para explicar o desaparecimento de Emanuela Orlandi, incluindo teorias envolvendo tráfico sexual ou chantagens contra o então Papa, João Paulo II.
As memórias do secretário de Ratzinger, que na segunda-feira se encontrou com o Papa Francisco no Vaticano, foram escritas em conjunto com o jornalista italiano Saverio Gaeta e dedicam um extenso capítulo ao misterioso desaparecimento de Emanuela Orlandi, em que desmente as informações atribuídas às “instituições do Vaticano” sobre o conhecimento dos “segredos relacionados ao seu sequestro”.
“Pessoalmente, havia manifestado a minha máxima disposição e solidariedade a Pietro Orlandi (…) mas a atribuição que pessoas pertencentes ao Vaticano, sem indicar nomes, conheciam os segredos relativos ao próprio sequestro, não corresponde a qualquer informação fiável e fundamentada. Às vezes quase que parece um álibi diante o desânimo e a frustração por não se conseguir encontrar a verdade”, sistentou Gänswein, que também revela ter-se encontrado a 09 de dezembro de 2011 com Pietro Orlandi, irmão da jovem desaparecida.
“Ele queria dar-me uma cópia do seu livro (…) e informar-me sobre algumas novidades do caso. Ele também (…) me pediu para verificar a possibilidade do Papa Bento»XVI os cumprimentasse”, referiu.