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Oficiais dos Serviços de Informação das Forças Armadas Russas (conhecido pela abreviatura GRU) podem ter orquestrado o envio de cartas com explosivos para vários locais de Espanha, incluindo a embaixada ucraniana e o Palácio de Moncloa, residência oficial do primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Segundo o New York Times, os oficiais por trás da campanha para enviar as cartas armadilhadas pertencem ao 161.º centro de treinos especializado, cuja sede em Moscovo alberga nomeadamente a Unidade 29155 do GRU. Os agentes desta unidade são peritos em ações de “subversão, sabotagem e homicídios” e foram responsáveis pelo envenenamento e tentativa de homicídio do antigo espião russo Sergei Skripal no Reino Unido, em 2018, e pela tentativa de homicídio dois anos depois do primeiro-ministro de Montenegro.

Os seis envelopes recebidos em Espanha: castanhos, com destinatário em maiúsculas e material explosivo de fabrico caseiro

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Oficiais norte-americanos revelaram ao New York Times que as autoridades nacionais e europeias desconfiam que os membros do GRU orientaram as ações de indivíduos associados a um grupo militante supremacista branco: o Movimento Imperial Russo. Com membros e associados disseminados em vários países na Europa, o grupo é conhecido por operar centros de treino militares na cidade russa de São Petersburgo. É suspeito de ter ligações às agências de informação russas e, em 2020, foi designado como uma organização terrorista global pelo departamento de Estado norte-americano.

Membros importantes do Movimento Imperial Russo terão estado recentemente em Espanha. A polícia identificou as suas ligações a organizações de extrema-direita espanhola.

As mesmas fontes, que falaram sob anonimato, explicaram que o objetivo da campanha foi sinalizar que a Rússia e os seus associados podem realizar ataques terroristas na Europa, inlduindo nos estados pertencentes à NATO. Referem, no entanto, que não há para já sinais de que Moscovo está preparada para lançar ataques generalizados ou levar a cabo sabotagens no território europeu.

Os oficiais lembram que o Presidente russo, Vladimir Putin, deu aos serviços de informação militares lidberdade para desenvolver e conduzir operações secretas na Europa. No entanto, não é claro se existiu um envolvimento do Kremlin no envio das cartas armadilhadas.

Em novembro e dezembro do ano passado, seis cartas com explosivos foram entregues em Espanha. O primeiro local a receber um envelope foi a residência oficial de Pedro Sánchez, mas o material foi detetado pelas equipas de segurança. Também a embaixada ucraniana no país recebeu um pacote semelhante. Este foi o único que não foi travado antes de ser aberto por um dos trabalhadores da embaixada, que acabou por ficar ferido numa das mãos.

Polícia espanhola localiza cidade de origem das cartas com explosivos

Também foi enviado um envelope para a sede da empresa Instalaza, em Saragoça, que é a fabricante das lança-granadas C-90 que o ministério da Defesa enviou para a Ucrânia.

As autoridades continuam a investigação e já determinaram que os pacotes foram enviadas a partir de Valladolid, uma cidade no noroeste de Espanha.