Oitenta obras da autoria e coleção pessoal do artista português Nikias Skapinakis (1931-2020) vão estar reunidas numa exposição a inaugurar na quarta-feira no Museu Nacional de Arte Contemporânea —- Museu do Chiado (MNAC-MC), em Lisboa.
Intitulada “Os NikiaS do Nikias”, a mostra, com curadoria de Helena Skapinakis e Maria de Aires Silveira, estará patente até 21 de maio com uma escolha de 80 obras que o artista guardou, “como o museu pessoal da sua obra”, indica um comunicado do Museu do Chiado.
A coleção pessoal de Skapinakis inclui, entre outras, o único autorretrato do pintor de ascendência grega, o primeiro retrato da poetisa Natália Correia, e um conjunto de desenhos realizados durante o período em que o pintor esteve preso no Aljube, na capital.
Natural de Lisboa, cidade onde veio a morrer em agosto de 2020, Nikias Skapinakis foi pintor, desenhador e gravador, atividades a par das quais manteve, ao longo da vida, uma vasta produção crítica.
Depois de uma escolha inicial pelo estudo da arquitetura, mudou definitivamente para a pintura, e começou a expor em 1948, nas Gerais de Artes Plásticas, e o reconhecimento levou a sua obra aos principais museus portugueses, tendo sido objeto de múltiplos estudos e vastamente premiada, recorda o texto do museu.
A proposta expositiva pretende revelar o gosto pessoal de Skapinakis sobre a sua própria obra, com a revelação da seleção do autor, feita “de acordo com critérios muito próprios, para integrarem o seu espaço privado”, sublinha a curadoria.
“Apesar de ter defendido que a pintura não precisa de explicações, Nikias é autor de uma relevante reflexão sobre a própria obra. Os textos que acompanham a exposição e as notas das tabelas vêm comprovar que o melhor comentador de Nikias é o próprio Nikias”, assinala, ressalvando a existência de “lacunas evidentes nesta coleção, já que não se encontram obras de algumas das fases mais conhecidas do pintor, como as paisagens de Lisboa ou os retratos coletivos dos anos 1960/1970”.
Entre outras obras, estão nesta coleção uma tela de dois metros de comprimento intitulada “Jardins da Arcádia”, os dois quadros finais da série “Quartos Imaginários” – “A Janela de Caspar Friedrich” e “A Janela de Almada Negreiros” – e três paisagens da série “Preto e Branco”, realizadas em 2020, ano da morte do pintor.
Além de várias atividades pedagógicas complementares, a exposição antecede um congresso dedicado a Nikias Skapinakis, a 01 e 02 de março, o segundo congresso organizado entre o MNAC e a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa – o primeiro foi dedicado ao artista plástico Julião Sarmento (1948-2021) – sobre artistas portugueses contemporâneos.
Esta organização conjunta pretende abrir o debate sobre a obra de autores contemporâneos, alargando o espetro do seu conhecimento e reflexão académica a novos investigadores nacionais e internacionais.
Além da pintura a óleo, como atividade dominante, Nikias Skapinakis dedicou-se à litografia, serigrafia e ilustração de livros. Entre outras obras, ilustrou “Quando os Lobos Uivam”, de Aquilino Ribeiro (Livraria Bertrand, 1958), e “Andamento Holandês”, de Vitorino Nemésio (Imprensa Nacional, 1983).
É autor de um dos painéis concebidos para o café “A Brasileira do Chiado” (1971), em Lisboa, e para a estação de Arroios, do metro de Lisboa, concebeu, em 2005, o painel “Cortina Mirabolante”.
O encenador e realizador Jorge Silva Melo (1948-2022), fundador dos Artistas Unidos, dirigiu um documentário sobre Nikias Skapinakis intitulado “O teatro dos outros” (2007).