Nuno Melo ao ataque. O líder do CDS esteve esta quinta-feira num almoço-debate no Instituto Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, e aproveitou para pressionar Luís Montenegro a decidir-se de uma vez por todas: ou conta com o Chega, ou não pode continuar com os democratas-cristãos.

Ao lado de figuras como Manuel Monteiro e Diogo Feio, o eurodeputado tentou desfazer o tabu de Luís Montenegro. “Caberá ao PSD decidir com quem é que acha que quererá ter em governos em Portugal, se o CDS ou uma outra realidade qualquer”, atirou.

De resto, o líder democrata-cristão atacou diretamente André Ventura e o Chega. “O CDS é muito mais do que protesto e conversa de café. O que separa o CDS do Chega é a democracia e a liberdade”, argumentou Nuno Melo.

Melo procurou também marcar as diferenças em relação aos liberais. “O CDS é muito mais do que uma ideia de economia, feita de dogma. Para isso existe a Iniciativa Liberal”, sublinhou. Em resumo, continuou Melo, o” CDS é o fiel entre o mercado e a consciência social” e “isso não é o Chega nem a IL”. “O CDS não foi substituído até agora na Assembleia da República”, rematou.

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Num discurso assumidamente “motivacional”, Nuno Melo defendeu que os militantes do partido tinham o direito a “estar tristes”, mas não tinham o direito a “estar resignados”.  “Agora é preciso fazer pela vida. O CDS não perdeu o sentido, muito pelo contrário”, disse.

Criticando as sondagens que apontam para o desaparecimento do partido do mapa eleitoral, chegou mesmo a sugerir que os maus resultados nas intenções de voto interessam a alguém, nomeadamente ao PSD, Chega e PS. “Um partido que tem 1500 autarcas não tem zero votos”, insurgiu-se Melo. “Não sei se vamos ter de que esperar três anos ou três meses até haver eleições. [Nessa altura], aí sim, pediremos as meças a todas as sondagens. E vão ver: o CDS ainda vai surpreender muita gente.”

Mesmo assumindo que “há um antes e um depois do 30 de janeiro de 2022” e que o partido enfrenta hoje uma dificuldade enorme depois de ter perdido o grupo parlamentar, a subvenção partidária e a exposição mediática, Melo classificou esta crise como “conjuntural”. “Precisamos de um momento refundacional. Não será a última oportunidade, mas será muito importante”, notou.

Nuno Melo voltou a sugerir que o partido poderá, muito em breve, decidir mudar o seu programa (processo que está a ser conduzido por António Lobo Xavier), mas também outros aspetos como próprio nome do partido — esse congresso será algures no segundo semestre deste ano.

Paralelamente, Melo trouxe para o debate três grandes temas: a educação, onde se pôs ao lado dos professores, o “flagelo da droga“, onde defendeu um combate à “ocupação persistente no espaço público de pessoas que se injetam e que ressacam”, e também a agricultura, lamentando as diferenças crescentes entre o litoral e o interior do país e o ato “simplesmente criminoso de extinguir a secretaria de Estado da Agricultura”.

De resto, o eurodeputado aproveitou o momento para atirar diretamente a António Costa, criticando a instabilidade e o bloqueio permanente em que vive António Costa: “13 governantes substituídos em noves meses não tem nada que ver com a guerra na Ucrânia. Não tem nada que ver com Vladimir Putin em Moscovo; tem que ver com António Costa em Lisboa”.