O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, defendeu que a criação do instrumento “Next Generation EU” foi um dos maiores “saltos de integração europeia”, apoiando a sua replicação.
O “Next Generation EU” surgiu num momento muito difícil. Hoje temos um tesouro europeu que não tínhamos e também uma dívida”, afirmou Mário Centeno no “podcast” “E se Falássemos da Europa?” da eurodeputada Margarida Marques.
Este instrumento foi criado para a recuperação da Europa, face ao impacto da Covid-19, contando com 750.000 milhões de euros em resultado da contratação de empréstimos nos mercados de capitais.
Deste montante, 390.000 milhões de euros correspondem a subvenções, ou seja, transferências a fundo perdido, e os restantes 360.000 milhões de euros a empréstimos aos Estados-membros. O reembolso será efetuado até 2058.
“Ainda que seja um instrumento criado para uma única utilização, vai estar connosco durante muitos anos. É bom que aprendamos a viver com ele (…) e quase que a honrá-lo para que ele possa ser replicado no futuro”, sublinhou.
Para o antigo ministro das Finanças, se for demonstrada a mais-valia deste tipo de intervenções, mais fácil será replicar esta “quase experiência”.
Centeno explicou ainda que este fundo teve um antecedente o “Budgetary Instrument for Convergence and Competitiveness”, que funcionou como um “embrião”, embora com um envelope financeiro “muito pequeno”, criando “baias e linhas muito decalcadas” do “Next Generatio”.
No “podcast”, o governador do BdP abordou também o desempenho de Portugal a nível Europeu, notando que o país é “olhado de forma muito positiva” nos fóruns internacionais.
“Há um maior interesse sobre Portugal, sobre a forma como tem conseguido ter resultados positivos e recuperar da Covid. Temos conseguido criar emprego, controlar o desemprego, os salários têm crescido de forma controlada (…)e com estabilidade financeira”, apontou.
Mário Centeno notou: “foi uma página que tivemos que virar na Europa”que olhassem para os dados de Portugal “com outros olhos”.